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Katie Beers, violentada durante dezessete dias em um bunker

Katie Beers foi sequestrada por um conhecido da família, que a manteve em um bunker subterrâneo durante 17 dias.

Katherine (Katie) Beers nasceu em 30 de dezembro de 1982 em New York. Ela era filha de Marilyn Beers e seu pai era desconhecido, já que a própria mãe afirmava que Katie foi fruto de um relacionamento casual.

Ainda bem pequena, Katie morava com a mãe e o meio-irmão mais velho John Beers em Long Island, New York. Marilyn era negligente com os filhos, eles frequentemente ficavam sob os cuidados da madrinha e de seu marido, Salvatore Inghilleri.

Os primeiros abusos

O ambiente familiar de Katie era conturbado, os Inghilleri a tratavam mais como uma empregada do que como uma pessoa próxima. A garota, com menos de seis anos de idade, era abusada sexualmente por Salvatore e obrigada a limpar a casa, lavar a louça, lavar roupas e realizar qualquer tarefa doméstica que eles a designassem.

Salvatore Inghilleri. / Foto: Reprodução.

Quando Katie completou sete anos de idade, ela já estava cansada da situação que vivia e decidiu contar à madrinha sobre os abusos sexuais que sofria. Ao invés de ser acolhida e protegida, Katie foi chamada de mentirosa e expulsa de casa.

Marilyn, a mãe, quando soube dos abusos decidiu prestar queixa à polícia. A comunidade ouvia rumores sobre o caso, e isso acabou atraindo a atenção de outro predador sexual, John Esposito.

Presentes e atenção

John Esposito passou a ter mais contato com a família de Katie, ele percebeu que ela e o irmão eram negligenciados e não recebiam atenção e supervisão da mãe, o que lhe parecia um prato cheio.

Primeiro ele se aproximou do irmão mais velho, John Beers, que anos depois admitiu ter sido abusado por Esposito. O garoto relata que só parou de ser abusado quando o próprio criminoso disse que ele já não servia, pois estava se tornando um garoto muito velho.

Não satisfeito, ele passou a rondar Katie, levando a ela presentes, jogos e doces. Esposito era bom em fazer o papel de bom homem, sendo amigável e exemplar perante à comunidade do local. Ele se denominava um “mentor” para jovens que enfrentavam situações difíceis em sua vida.

Katie Beers durante um de seus aniversários. / Foto: Reprodução.

Katie faltava muito às aulas, comparecendo uma ou duas vezes na semana. Serviços de proteção à criança visitaram sua casa, mas infelizmente a sujeira parecia só estar sendo varrida para baixo do tapete.

Bunker secreto

Após ser rejeitada pela madrinha, e ter voltado a morar com a mãe, Katie via John Esposito como um amigo e passou a dedicar mais tempo a ele.

Em 28 de dezembro de 1992, dois dias antes de seu aniversário de dez anos de idade, Esposito convidou Katie para jogar fliperama. Ao invés disso, ele a levou até sua casa alegando que lá haviam presentes de aniversário comprados especialmente para ela.

Chegando no local, John permitiu que ela jogasse videogame por alguns minutos. Nesta data, John Esposito tinha 43 anos e atuava como empreiteiro. Graças à sua profissão, ele mesmo construiu um apartamento que ficava nos fundos da casa de sua família e acima da garagem.

Katie estava se divertindo, mas John tinha um plano perverso. Não demorou muito para que ele forçasse a garota a entrar em um bunker subterrâneo de concreto após ter tido suas investidas sexuais negadas pela criança.

O local contava com um túnel com cerca de 2 metros de extensão, que ligavam um alçapão pesado de 90kg a uma espécie de masmorra com 4m². Tudo ficava escondido atrás de uma estante de livros.

Alçapão pesando de cerca de 90kg era a porta de entrada para o bunker. / Foto: Reprodução.

O cubículo continha um vaso sanitário, uma cama e um sistema de câmeras de vigilância. Todo o local foi construído de maneira a isolar qualquer ruído. Esposito, mais tarde, disse à polícia que havia construído o bunker especificamente para Katie. 

A própria garota se lembra de brincar na terra retirada do local anos antes, enquanto Esposito ainda estava a construir.

Mantida em cativeiro

Após forçar Katie Beers a entrar no bunker, Esposito a fez gravar uma mensagem onde ela afirmava que um homem com uma faca a havia levado. Ele tocou a mensagem em um telefone público do lado de fora do fliperama durante uma chamada de telefone com a madrinha da menina.

Logo após, aos prantos, disse à equipe do local que havia perdido a menina dentro do estabelecimento. A polícia foi acionada.

Durante os dias em que passou no cativeiro, Katie foi abusada frequentemente enquanto era presenteada com brinquedos e fast food. Ele dizia que sua ideia era mantê-la no bunker pelo resto de sua vida e planejava tirar uma foto dela dormindo e enviá-la à polícia para que acreditassem que ela estava morta, ainda que a foto nunca tenha sido tirada.

Dominick Varrone foi o detetive responsável neste caso. Desde o início ele pareceu achar tudo muito estranho, principalmente por Katie ter dito a expressão “ele me sequestrou” durante a chamada telefônica.

Sua experiência policial comprovava que dificilmente uma criança de nove anos usaria tal termo, optando por expressões como “ele me pegou” ou “ele me levou”.

Suspeito principal

Katie Beers tinha um círculo pequenos de amizades, convivendo mais tempo com adultos do que com crianças de sua idade. Não demorou muito para que a polícia descobrisse que Esposito entrou no fliperama sozinho no dia do crime.

Seu histórico policial não era nada agradável, trazendo a tona uma tentativa de sequestro de uma criança de cinco anos de idade e também as revelações de abuso sexual feitas pelo meio-irmão mais velho de Katie.

A polícia também determinou que a mensagem telefônica de Katie sobre um homem com uma faca era de uma gravação feita anteriormente, com base na falta de ruído de fundo.

John Esposito confessa

Logo no primeiro dia de cativeiro, Katie buscou desesperadamente por uma maneira de fugir. Em um momento de distração do homem, ela conseguiu esconder um molho de chaves.

Após diversas tentativas ela descobriu qual era a chave correta e abriu a porta do bunker, mas quando estava no túnel em direção ao alçapão, Esposito percebeu sua movimentação.

Após este episódio, Katie foi violentada sexualmente pela primeira vez durante os dezessete dias em que ficou presa, além de sofrer violência física e ameaças de morte caso tentasse novamente.

Em 13 de janeiro de 1993, após uma intensa pressão policial. Esposito confessou ter mantido Katie Beers em cativeiro e levou a polícia ao bunker. O detetive, Dominick Varrone, sempre suspeitou de Esposito mas jamais podia imaginar tamanha arqueitetura construída especialmente para o crime.

Condenações e justiça

John Esposito foi condenado em 27 de julho de 1994 a prisão perpétua, ele cumpriu sua pena no condado de Westchester, New York.

John Esposito durante julgamento. / Foto: Reprodução.

Esposito foi encontrado morto em sua cela de causas aparentemente naturais em 4 de setembro de 2013, logo após sua quarta audiência de liberdade condicional em 20 anos.

Salvatore Inghilleri foi condenado por duas acusações de abuso sexual e cumpriu 12 anos por molestar Katie Beers. Durante a investigação do sequestro, as autoridades descobriram que Salvatore havia abusado sexualmente da menina antes dela ser sequestrada. Ele morreu na prisão em 2009.

Katie Beers foi enviada para morar com pais adotivos em East Hampton, Nova York. Ela manteve o anonimato e foi criada por seus pais adotivos até a idade adulta. Em janeiro de 2013 ela resolveu contar sua história ao público, Help Me conta a série de provações que ela precisou passar para sobreviver.

Katie Beers adulta e ao lado o bunker sendo removido pela polícia, onde passou dezessete dias presa. / Foto: Reprodução.

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