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Jody e Gary Plauché, o pai que vingou o abuso de seu filho

Gary Plauché ficou em choque quando descobriu as atrocidades cometidas contra seu filho. Ele decidiu que precisava fazer justiça com as próprias mãos.

Jody Plauché tinha onze de anos em 1983 e morava com sua família em Baton Rouge, Louisiana. Seus pais, Gary e June Plauché proporcionvam uma vida tranquila ao garoto, que sempre gostou muito de atividades físicas.

Gary percebeu que seu filho tinha simpatia por esportes que envolvessem luta, e foi aí que ele decidiu matricular Jody no Karatê. O professor, Jeff Doucet tinha 24 anos na época e também era proprietário da escola de luta.

Jeff Doucet não tinha familiares ou amigos próximos, e ele sempre justificativa isso dizendo que era natural do Texas e fazia pouco tempo que estava em Louisiana. Mesmo assim, ele era muito querido por seus alunos e também pelas famílias.

Jeff Doucet. / Foto: Reprodução.

O professor era tão próximo dos alunos que costumava levá-los ao cinema, sorveterias e até em competições fora do estado. Aparentemente, alguém especial e empenhado na formação de seus alunos.

Lado sombrio

Os pais de Jody estavam muito felizes com o desenvolvimento do filho. O garoto, apesar de gostar muito de esportes em grupo, era tímido e introvertido e a convivência no centro de luta parecia estar desenvolvendo suas habilidades sociais.

Os pais eram tão gratos que, por diversas vezes, convidaram Jeff para jantar em sua casa.

Quando Jody estava as vésperas de seu aniversário de onze anos, Jeff revelou a ele quem era de verdade. O professor passou a abusar do garoto pelos últimos seis meses do ano de 1983.

Segundo relatórios policiais, os abusos aconteciam quase que diariamente. Talvez por medo, vergonha ou culpa, Jody nunca revelou o que acontecia quando ficava a sós com Jeff Doucet.

Era comum que Jody, de apenas 10 anos, precisasse lidar com as crises de ciúmes de seu instrutor. Ele costumava dizer que o garoto deveria amá-lo mais do que amava a seu pai, já que ele sim seria capaz de fazer tudo em nome do amor dos dois.

Sequestrado

Em 14 de fevereiro de 1984, Jeff Doucet estava prestes a ser preso por passar cheques sem fundo e também perderia o ponto de sua academia por falta de pagamento de aluguéis.

Ele decide sequestrar Jody e leva-lo para um motel em Anaheim, Califórnia, onde o agrediu e violentou sexualmente. Diante da demora de Jody para voltar para casa, o pai decidiu ir até a academia a fim de encontrá-lo e percebeu as portas fechadas.

Era comum que os garotos passeassem com o professor, então Gary achou que eles em breve estariam de volta. As horas se passaram e a angústia só aumentava, Gary e June decidiram chamar a policia.

Durante os dez dias que se seguiram Jody foi constantemente molestado. No dia 29 de fevereiro de 1984, Jeff permitiu que o garoto ligasse para sua família e contasse que estava bem. A partir dessa ligação foi possível rastrear o paradeiro do sequestrador e no dia 1º de março a polícia invadiu o motel e resgatou Jody Plauché e prendeu Jeff Doucet.

Aquilo que ninguém sabia

Como tentativa de dificultar o reconhecimento do garoto, Jeff tingiu os cabelos de Jody de castanho escuro. Até então, a família Plauché acreditava que Jeff tinha problemas emocionais e havia sequestrado o garoto apenas no intuito de criá-lo como um filho.

Foi somente após o exame de corpo de delito que a verdade veio à tona. Jody confirmou aos pais os abusos, ele disse que tudo parecia muito óbvio mas tinha muito medo de contar a verdade. O garoto ainda completou dizendo que desde o início soube que aquilo era errado, entretanto não soube como pedir ajuda diante de tantas ameaças.

Gary Plauché entrou em pânico com as declarações do filho, ele revelou ter se sentido traído e impotente com tantas atrocidades.

Jeff Doucet afirmou que ele também foi abusado sexualmente durante a sua infância e que Jody não foi a primeira criança que ele molestou.

Acerto de contas

Em 16 de março de 1984, Doucet foi levado de volta para Louisiana para ser julgado. Ele chegou ao Aeroporto e foi conduzido algemado por policiais por volta das 21h30, onde Plauché esperava Jeff Doucet com um revólver.

Não se sabe ao certo como Gary sabia o horário exato de desembarque de Jeff, mas ele tinha conhecidos que trabalhavam no local e que poderiam ter lhe dado essa informação. O que se tem certeza era de que Gary sabia qual o voo, o horário de chegada e também o corredor pelo qual o criminoso passaria.

Uma equipe de notícias da WBRZ estava esperando por Jeff Doucet e montou suas câmeras para registrar a chegada. 

Em frente à equipe de reportagem havia vários telefones públicos, onde Gary Plauché esperava enquanto conversava com seu melhor amigo ao telefone. Ele usava boné de beisebol e óculos escuros para que ninguém o reconhecesse. Durante a ligação, o homem chegou a dizer para o amigo: “Cara, eu estou pronto para fazer uma merda!”

No momento em que Jeff passou por Gary, ele sacou sua arma e atirou à queima-roupa no lado direito da cabeça de Doucet. O homem caiu no chão, sangrando por um ferimento perto da orelha direita. 

Segundos antes de Gary (à esquerda) atingir Jeff Doucet (à direita). / Foto: Reprodução.

Gary Plauché desligou o telefone antes que um policial o contivesse e largou a arma. Os oficiais que agarraram Plauché o reconheceram. Jeff Doucet entrou em coma e morreu devido ao ferimento à bala no dia seguinte.

Estado psicótico temporário

Gary foi preso e avaliado por médicos, que determinaram que ele foi vítima de colapso mental após saber dos abusos cometidos contra seu filho.

O juiz Frank Saia decidiu que mandar Plauché para a prisão não ajudaria ninguém e que não havia praticamente nenhum risco de ele cometer outro crime.

Ele então foi condenado a sete anos de pena suspensa, com cinco anos de liberdade condicional e 300 horas de serviço comunitário, que completou em 1989.

Considerações finais

Aos 67 anos, Gary Plauché deu uma entrevista onde afirmou que não se arrependia de ter matado Doucet e que o faria novamente. Em agosto de 2019, o livro “Por que, Gary, por quê?”: A história de Jody Plauché” foi lançado por Jody.

Jody Plauché durante sua vida adulta. / Foto: Reprodução.

Jody ficou muito chateado com a atitude do pai na época. Ele disse que não desejava a morte de Jeff e que apenas o fato dele estar preso já bastava. Os anos foram passando e ele retomou a convivência com a família, o pai e a mãe de Jody foram fundamentais no seu processo de recuperação psicológica.

Plauché sofreu um primeiro derrame em 2011. Ele morreu em 2014 em uma casa de repouso após outro derrame, três semanas antes de completar 69 anos.

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