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A casa dos horrores da Família Turpin

Durante anos, os filhos do casal Turpin foram mantidos em cativeiro. Eram privados até mesmo de comer. Sofriam torturas físicas e psicológicas dos próprios pais.

Por muitos anos, 13 crianças foram mantidas em cativeiro pelos seus próprios pais. Viviam num sistema muito rígido e controlado. Não saiam de casa, comiam uma vez por dia, tomavam banho uma vez por ano, dormiam acorrentadas em suas camas, e apesar de morarem na mesma casa, os irmãos mal se viam.

As crianças foram mantidas em cativeiro entre 1989 e 2018, quando uma conseguiu escapar e chamou a polícia. David e Louise Turpin primeiramente se declararam inocentes, mas para evitar o julgamento, mudaram o posicionamento em uma audiência, se declarando culpados de 14 dos 49 crimes em que foram acusados.

A última cidade que a família morou foi Perris, Califórnia. As idades das crianças na época do resgate variavam entre 2 e 29 anos. Porém quando a policia chegou no local, achou que todos fossem menores de idade, dado o severo nível de desnutrição.

Não sou capaz de descrever em palavras o que vivemos ao crescer ali. Ainda tenho pesadelos das coisas que aconteceram, como quando meus irmãos eram acorrentados ou apanhavam. Mas isso ficou no passado. Amo meus pais e os perdôo por muitas das coisas que fizeram com a gente.

Relatou um dos filhos durante a audiência.
Pelas fotos que a família divulgava em sua rede social, todos pareciam felizes.

A fuga

O dia era 14 de janeiro de 2018, após dois anos de planejamento duas irmãs conseguiram escapar da casa, uma delas, de 13 anos, retornou, provavelmente por medo, enquanto outras fontes dizem que ela se perdeu. A outra, de 17 anos se manteve focada na missão.

Com um celular que levou junto na fuga, conseguiu ligar para a polícia. Como eles tinham um contato quase nulo com o mundo externo, teve dificuldades em mostrar para a polícia a localização que ela se encontrava. Utilizando algumas referências, conseguiu esclarecer sua localização.

Alguns minutos depois a polícia chegou, ela então mostrou as fotos do celular que havia levado consigo durante a fuga, rapidamente mais reforços foram chamados. O caso não era mais uma simples missão policial, tratava-se de um verdadeiro caso criminal.

Meus pais tiraram minha vida, mas agora estou me recuperando. Eu sou lutadora e sou forte. Eu vi meu pai mudar minha mãe, eles quase me mudaram, mas percebi o que estava acontecendo.

Relatou uma das filhas durante a audiência.

Locais onde a família morava

A família se mudou diversas vezes ao longo do tempo, entre 1989, ano que nasceu o primeiro filho, até 2018, ano que foram resgatados. A primeira cidade foi no Texas. Ao deixarem a casa, o morador seguinte afirmou que a casa estava lotada de sujeira, e que tinha a impressão que muitos animais moravam nela.

Depois a família foi para a cidade de Murrieta, agora no Estado da Califórnia. O vizinho, que morava logo a frente, relatou que os filhos do casal “marchavam como militares” por muitas horas, no segundo andar da casa. O vizinho nunca fez nada, o mesmo acreditava que as crianças tinham algum tipo de deficiência mental.

Conforme os anos iam passando, mais severos David e Louise Turpin ficavam. A última cidade da família foi Perris, Califórnia. Uma cidade com pouco mais de 100 mil habitantes, localizada a aproximadamente 110km de Los Angeles.

Aparências

A fachada da casa da família oferecia uma aparência de ordem e tranquilidade. Além disso, o casal tinha um perfil no Facebook, onde todos aparentavam serem muito feliz. Mas aquilo apenas mascarava a verdadeira história.

Todos os filhos do casal ficavam trancados em casa. Os pais só os deixavam sair em datas específicas, como as viagens que fizeram a Disney e Las Vegas.

A casa era considerada uma escola privada pelo governo local

A Califórnia não tem nenhuma lei de ensino em casa, porém você pode registrar sua casa como uma escola privada. Foi isso que David e Louise fizeram.

O Departamento de Educação da Califórnia classificou a casa da família Turpin como uma escola particular antes mesmo de eles se mudarem. Sob a lei da Califórnia, o governo não tem autoridade para monitorar, inspecionar ou supervisionar escolas particulares. Eles haviam encontrado uma brecha na lei, o que permitia alegar que seus filhos recebiam educação escolar em casa.

Nos registros, David Turpin estava listado como diretor e administrador do local, supervisionando a inscrição de oito alunos no ano letivo de 2010 a 2011.

Apesar desse tipo de escola ser comum nos Estados Unidos, principalmente em estados como Califórnia, onde a lei nesse sentido é menos rígida, o casal encontrou uma forma de usar esse beneficio para práticar maldades.

Situação dos irmãos na época do resgate

As crianças comiam apenas uma vez por dia, uma separada da outra, em pé, na cozinha. Normalmente a refeição era um sanduíche de mortadela ou amendoim. As crianças pareciam muito mais novas por causa da desnutrição, o mais velho, de 29 anos, pesava apenas 37 kg.

Alguns deles não sabiam o que era um médico ou policial. Eram privadas de cuidados básicos. Nenhum tinha consultado um médico há mais de quatro anos, e nenhum nunca tinha ido ao dentista.

Pelas fotos divulgadas pelo casal, sempre parecia tudo normal.

Conforme passava o tempo, também aumentava a crueldade do casal. Inicialmente as crianças eram amarradas com cordas, mas depois que um conseguiu se desvencilhar das ataduras, os pais começaram a usar correntes e cadeados para prender e puní-los. Muitas vezes os mantinham acorrentados enquanto faziam suas necessidades.

Os pais compravam comida de boa qualidade e deixavam as crianças olharem, mas não as deixavam comer. Faziam o mesmo com brinquedos, havia muitos que estavam em sua embalagem original e nunca haviam sido abertos. A tortura não era apenas física, mas também psicológica.

A família tinha o hábito de dormir durante o dia e ser ativo durante a noite, as crianças normalmente iam dormir em torno das 5 horas da manhã. Isso pode ter ajudado com que os irmãos não fossem descobertos por tanto tempo.

Acusações e julgamento

Os pais foram acusados de tortura, cárcere privado, abuso de um adulto dependente, abuso infantil e ato obsceno a uma criança menor de 14 anos (por parte do David).

No julgamento, realizado em abril de 2019, o casal foi condenado a prisão perpétua, porém existe uma lei na Califórnia que não permite condenar em mais de 25 anos uma pessoa da terceira idade sem ter a oportunidade de liberdade condicional. Por isso, o casal poderá pedir esse benefício após passar todos esses anos presos.

Durante a audiência, de cunho bastante emocional, Louise e David pediram perdão aos filhos e disseram amá-los. Alguns dos filhos, que estavam presentes no julgamento, afirmaram que amavam os pais e acreditavam que tudo o que fizeram era por amor. Enquanto outro disse que os tinha perdoado e que orava por eles.

O casal se olhando durante o julgamento realizado em abril de 2019.

Situação atual dos irmãos

Pelo que as fontes relatam, os seis irmãos mais novos foram adotados e estão se adaptando bem. Outros estão em casas de apoio. Alguns dos mais velhos continuam evoluindo gradativamente, inclusive cursando faculdade com ajuda estadual. Outros também estão trabalhando e vivendo em casas próprias.

Eles ainda se encontram de forma discreta. Alguns deles até mudaram de nome. A ideia é de não serem identificados como filhos do casal, e assim não serem rotulados como vítimas possibilitando que sigam a vida de maneira mais normal possível.

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