Cary Stayner ficou conhecido por matar quatro mulheres ao redor do Parque Nacional de Yosemite, na Califórnia. Além disso, Cary era irmão de Steven Stayner, uma vítima de sequestro e abusos sexuais que permaneceu em cativeiro durante sete anos.
Família, infância e comportamento
Cary Stayner era o irmão mais velho, além dele a família era composta por Steve, e mais três irmãs. Seu pai, Delbert, trabalhava muitas horas por dia fazendo manutenção de máquinas em uma empresa de alimentos e era extremamente rígido. A mãe, Kay, era muito religiosa e sofreu abusos físicos e emocionais na infância.
Aos três anos Cary sofria de tricotilomania, um transtorno obsessivo compulsivo onde a pessoa arranca seus fios de cabelo um a um.
Em 1972 ocorreu um fato que marcaria a família para sempre, o sequestro de Steven Stayner, seu irmão que na época tinha apenas sete anos. O cárcere durou ao total sete anos e foi um grande abalo para a família.
Durante estes anos, a família Stayner ficou dilacerada. Seus pais empenhavam muitos esforços na busca de Steve, e segundo Cary, o cuidado com os demais irmãos teria sido negligenciado. Mas, segundo vizinhos, a família parecia tentar levar uma vida normal. Delbert chegou até a comprar um trailler e levar a família para conhecer o Grand Canyon, eles pareciam estar sempre unidos.
Retorno do irmão para casa
Steven Stayner conseguiu fugir de seu cativeiro em 1980. Ele reconheceu os pais, mas não os irmãos. A mídia deu grande cobertura para este caso e a família Stayner estava em êxtase, menos Cary, que passou a sentir cada vez mais inveja da atenção dada ao irmão.
Nosso personagem principal conta que certa vez, no jantar, a mãe esqueceu de colocar um prato na mesa para ele e só foi se dar conta quando todos já estavam sentados. Isso o marcou muito.
Steven recebia muitos presentes pelo correio, como roupas e brinquedos, isso deixava Cary com raiva.
Dificuldade de relacionamento com as meninas
Um dos passatempos preferidos de Cary era desenhar mulheres nuas. Ele era um ótimo desenhista, mas não conseguia interagir com mulheres reais, Cary era extremamente tímido.
Certa vez uma amiga das irmãs, de quatorze anos, dormiu na casa da família Stayner. Cary, então com dezesseis anos, escondeu-se debaixo da cama dela na intenção de conseguir acariciar seus seios durante a noite.
A garota percebeu e pediu que ele saísse, mas minutos depois Cary retornou nu ao quarto. A garota ameaçou gritar e isso fez com que ele desistisse de se aproximar.
Existe também um relato de um ex-colega de trabalho de Cary, que afirma tê-lo visto dar um murro na mesa tão forte que chegou a sangrar sua mão. Em depoimento, Cary chegou a citar este episódio e completou dizendo que estava em um colapso nervoso e que naquele momento seria capaz de matar seu chefe com as próprias mãos e logo após incendiar o edifício da empresa.
Ainda nessa época, Cary chegou a afirmar que passava por um transtorno mental diagnosticado por um médico, mas que sua família fazia vista grossa para isso e nunca o ajudaram a superar seus problemas. A única maneira que ele encontrava de se acalmar era consumindo maconha regularmente.
Seguindo um péssimo caminho
Na mesma época do incidente no trabalho, onde Cary abandonou o emprego e nunca mais apareceu, ele morava com o tio, Jerry Stayner, que em 1990 foi encontrado morto com um tiro de espingarda no peito. Cary tinha um álibi forte e nunca foi tratado como suspeito. A morte de Jerry segue até hoje sem solução.
Cary tentou suicídio em 1991 e foi preso em 1997 por posse de drogas, mas as acusações foram retiradas logo após. No mesmo ano, ele foi contratado como caseiro de um hotel em El Portal, na entrada para o Parque Nacional de Yosemite.
Cary Stayner faz suas primeiras vítimas
No final de semana do dia dos namorados de 1999 haviam três mulheres hospedadas no hotel onde ele trabalhava. Era baixa temporada, haviam muitos quartos livres e pouca circulação de turistas.
Carole Sund, sua filha Julie Sund (15) e Silvina Pelosso (uma estudante argentina intercambista amiga de Julie) visitavam o parque Yosemite durante a viagem que faziam, tendo a cidade de São Francisco como ponto de partida. A próxima atração da viagem seria uma visita ao Grand Canyon, no estado do Arizona, mas isso não chegou a acontecer.
Espreitando o quarto pelo lado de fora, Cary percebeu que duas meninas assistiam televisão, enquanto Carole estava lendo na sala. Os quartos vizinhos estavam vazios, Cary então montou um plano.
Ele tocou a campainha do quarto, se identificou como funcionário do hotel e pediu para verificar um vazamento no banheiro. Carole permitiu que ele entrasse. Logo após fechar a porta atrás de si, Cary puxou uma arma e obrigou todas a fazerem silêncio.
Rapidamente ele tirou uma corda da caixa de ferramentas que carregava e estrangulou Carole até a morte. No quarto tentou fazer com que as duas meninas realizassem atos sexuais entre si antes de matar Silvina. Não satisfeito com os crimes, resolveu sequestrar Julie e colocá-la no banco de trás do carro que a família havia alugado e dirigiu até um mirante que era isolado, lá ele cortou a garganta da adolescente.
Os corpos de Carole e Silvina foram colocados no porta malas. Em uma floresta isolada, alguns quilômetros a frente, Cary ateou fogo no carro na intenção de carbonizar os corpos.
O corpo de Julie ficou no local de sua morte, encoberto por arbustos. Cary enviou um bilhete anônimo ao FBI com um mapa desenhado a mão, dando a indicação de onde estava o corpo da terceira vítima.
Os detetives começaram a entrevistar funcionários do hotel, Cary permaneceu calmo enquanto era questionado. As investigações prosseguiram sem nenhum resultado.
As mortes não cessaram por aí
Meses depois Cary conheceu outra mulher em seu trabalho, Joie Armstrong, uma professora do Instituto de Yosemite de 37 anos, que havia se mudado para uma cabana no parque poucos meses antes.
Ela foi encontrada decapitada, e durante as investigações testemunhas disseram a polícia que viram um carro muito parecido ao de Cary estacionado dias antes em frente a cabana de Joie. O carro de Cary foi verificado e lá encontraram a corda e a faca usadas no crime, além de objetos pessoais das vítimas anteriores.
Cary Stayner foi preso, e confessou que fantasiava com o assassinato de mulheres desde os sete anos de idade, muito antes do sequestro de seu irmão. O pai, Delbert afirmou que já havia levado Cary ao psiquiatra quando pequeno, mas o menino não aceitou o tratamento por não querer fazer terapia em grupo.
Detalhes sobre os depoimentos
Cary revelou que Julie foi morta após ser abusada sexualmente. Ele confessou também que jogou a carteira de Carole em um cruzamento na cidade de Modesto, com o intuito de despistar a polícia, além de pagar um garoto para enviar a carta anônima à polícia. A frase “Nós nos divertimos com essa” foi escrita com o intuito de fazer a polícia acreditar que havia mais de um criminoso envolvido.
Joie Armstrong foi morta após ter sido sequestrada e saltar do carro em movimento, o que enfureceu Stayner, resultando em sua morte.
Condenação
Em 14 de setembro de 2000, Cary Stayner se declarou culpado no Tribunal Federal pelo homicídio de Joie Armstrong, sendo condenado à prisão perpétua.
Pelos homicídios de Carole Sund, Julie Sund e Silvina Pelosso, Stayner foi processo e julgado pelo Tribunal Estadual da Califórnia, onde foi condenado à pena de morte.
Cary Stayner aguarda desde 2008, no “corredor da morte” o cumprimento de sua sentença, na penitenciária de San Quentin, na Califórnia.
Leia também a história do irmão de Cary: Steven Stayner, sequestrado e abusado sexualmente por sete anos