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Kristin Rossum, matou o marido por envenamento

Após seu marido morrer de maneira misteriosa, Kristin rapidamente surge com um novo parceiro, o médico legista que fez a autópsia do corpo.

Kristin Rossum nasceu em 25 de outubro de 1975 no Estado do Tennessee, EUA. Ela tinha mais dois irmãos e teve parte de sua infância dividida entre os Estados da Califórnia e Virgínia, onde a família sempre acompanhava os empregos do pai.

No início de sua adolescência, Kristin frequentou um internato só para meninas e foi lá que começou a beber cerveja, fumar cigarros e chegou a experimentar maconha. Em 1992, aos 17 anos de idade, Kristin já era usuária de metanfetamina.

No ano de 1994 ela chegou a se matricular em uma universidade e tentar sair das drogas, mas após uma recaída largou o curso e se mudou para San Diego. Em 1995 ela conheceu Gregory De Villers e sua vida parecia ir muito bem, ela havia deixado as drogas definitivamente e estava prestes a formar uma família.

Kristin Rossum e seu marido Gregory De Villers.

Em 1998, ela se formou com honras na faculdade de San Diego e passou a trabalhar como toxicologista no consultório médico legista da cidade. O casal oficializou sua união em 1999, através de uma bela cerimônia para amigos e família.

Gregory De Villers não comparece ao trabalho

Na manhã de 6 de novembro de 2000, às 7h42min Kristin ligou para o trabalho de Gregory informando que ele não compareceria porque estava doente. Segundo a esposa, Gregory estava fora de si, sonolento e com a voz arrastada.

Ela o deixou em casa e foi trabalhar por volta das 8h da manhã. Colegas de trabalho informaram que a viram chorando no laboratório naquela manhã. O síndico do apartamento informou que viu Kristin retornar para casa as 12h30min, onde parecia transtornada e subiu as escadas correndo.

Novamente ela saiu e cerca de 40 minutos depois retornou com compras e almoçou com Gregory. Quando Kristin perguntou porque ele parecia tão sonolento pela manhã, o marido respondeu que havia ingerido um pouco de sua oxicodona e clonazepam, medicamentos que Kristin havia adquirido na época em que fez acompanhamento médico para largar a metanfetamina.

Á tarde daquele mesmo dia, por volta de 14h30min, Kristin retornou ao seu trabalho e Gregory ficou de repouso. Durante a tarde a mulher retornou mais duas vezes ao apartamento e por fim, às 20h, voltou para casa.

Ela disse que ao chegar percebeu que Gregory estava dormindo, o beijou na testa e foi para o banho. Ao retornar para o quarto percebeu que o corpo do marido estava gelado e ele estava sem respirar.

Kristin imediatamente ligou para a polícia, às 21h22min e foi orientada a colocar Gregory no chão e realizar massagem cardíaca até a chegada da ambulância. Ele chegou a ser encaminhado ao hospital, mas Gregory, de apenas 26 anos, já estava sem vida.

No hospital, Kristin chegou a dizer a uma enfermeira que a causa da morte poderia ser uma overdose de oxicodona. A família de Gregory não lidou bem com essa teoria e o irmão dele decidiu ir até o apartamento naquela mesma noite.

Chegando lá tudo parecia estar em ordem, haviam pétalas de rosa espalhadas pelo chão que destoavam da arrumação da casa, mas nada que parecesse suspeito. Tudo indicava morte por suicídio.

Falando com a polícia

Quando o irmão estava de saída do apartamento, encontrou Kristin acompanhada de um homem chegando ao local. Ela o apresentou como Michael, seu colega de trabalho.

No dia seguinte, durante a entrevista com a polícia, Kristin foi questionada se haviam motivos para que Gregory desejasse tirar a própria vida, e ela disse que o casamento estava com problemas.

Segundo Kristin, Gregory teria descoberto um relacionamento extraconjugal. Ele teria ficado muito magoado e com ciúmes, e que isso poderia o ter levado a cometer suicídio.

A autópsia inicial revelou uma grande quantidade de oxicodona e clonazapam no sangue de Gregory, o que reforçava a hipótese de que ele quis tirar a própria vida. Sem maiores evidências, a investigação caminhava para o fim, quando os policiais foram surpreendidos por uma gravação trazida por Jerome, irmão de Gregory.

Romance com um médico legista

Ele confrontou Kristin enquanto gravava a conversa. Ela admitiu que mantinha um relacionamento secreto com Michael, um dos médicos legistas que trabalhava no mesmo laboratório.

Ao perceberem que a autópsia de Gregory foi feita por este mesmo médico, amante de Kristin, os investigadores enviaram o material para uma análise pericial externa e o caso rumou para um possível homicídio. Poderia haver um conflito de interesses na intenção de atrapalhar a investigação.

A nova autópsia revelou que Gregory já estava morto há pelo menos uma hora antes da chegada da ambulância, ele apresentava uma broncopneumonia e sua bexiga continha 550ml de urina. Segundo especialistas, uma pessoa consciente já sente vontade de urinar quando sua bexiga atinge 150ml, e a necessidade se torna urgente quando atinge 400ml.

Tudo indicava que Gregory estava inconsciente durante um período de 6 a 12 horas antes de sua morte, já que a broncopneumia é ocasionada pela não expulsão de secreções no pulmão, e é bastante vista em pacientes em coma ou sob forte sedação. Quanto a urina, dificilmente uma pessoa consciente não iria às pressas para o banheiro.

Foi descoberto que a esposa doou todos os órgãos de Gregory e demonstrou certa urgência na cremação do corpo. Colegas de trabalho que estavam no local no dia da autópsia, revelaram que Kristin e Michael trocaram beijos e carícias enquanto o corpo de seu marido estava na maca ao lado no necrotério.

Os novos testes toxicológicos apresentaram uma dose alta de Fentanil, além das concentrações já encontradas de oxicodona e clonazepam.

O Fentanil é considerado o opióide mais forte disponível para uso médico em seres humanos, com cerca de 100 vezes a potência da morfina […] Por outro lado, tais fármacos são susceptíveis de abuso e têm propriedades de produção de alta dependência. Por exemplo, um relatório de um espaço de consumo de drogas em Sydney, Austrália, sob vigilância médica, descobriu que o risco de overdose ao injetar Fentanil foi duas vezes maior do que ao injetar heroína e oito vezes maior do que ao injetar outros opióides prescritos. 

Fonte: UNODC.

Na época não era padrão a testagem de Fentanil nas autópsias rotineiras, uma vez que não é uma droga de fácil acesso e nem de comum uso abusivo. Tal protocolo era conhecido por Kristin, já que ela trabalhava diretamente nestas análises.

Uma auditoria realizada no laboratório onde Kristin trabalhava, revelou que faltavam 15 adesivos de Fentanil e 10mg do mesmo fármaco em sua apresentação injetável. Também se constatou que faltavam quantidades de oxicodona, clonazepam e metanfetamina.

Kristin é interrogada, mas não confessa

Uma das detetives confrontou Kristin apresentando todas as provas obtidas, mas ela seguiu mantendo a fala de que o marido cometeu suicídio. A fim de recolher mais provas, um mandado foi emitido para busca no computador de Kristin, e lá foram encontradas dezenas de pesquisas sobre o uso de Fentanil.

Em sua caixa de e-mail foi encontrado um registro que comprovava que Kristin e o Dr. Michael, também casado, haviam participado de um congresso durante uma semana que discutia o uso de Fentanil.

Em 25 de junho de 2001, Kristin foi presa sob a acusação de homicídio. Ela passou seis meses na cadeia, até que em 4 de janeiro sua família pagou a fiança de mais de um milhão de dólares. Ela ganhou o direito de aguardar julgamento em liberdade.

Nessa época o Dr. Michael, que não foi acusado, já havia voltado para a Austrália, seu país natal. Ele fora demitido do departamento legista de San Diego logo que os rumores de seu caso com Kristin se espalharam.

Julgamento

O julgamento de Kristin Rossum começou em outubro de 2002, três especialistas médicos foram chamados para ajudar no caso e seus conhecimentos determinaram que nenhum indivíduo com a quantidade de Fentanil encontrada no sangue de Gregory estaria consciente e respirando.

Eles concluíram que diante da concentração sanguínea e as diferentes formas de apresentação encontradas, a droga teria sido dada a Gregory em diversas ocasiões naquele período em que esteve inconsciente antes de morrer.

Em novembro do mesmo ano, Kristin foi condenada por homicídio com a condição especial de morte por envenenamento. Em dezembro ela foi sentenciada a prisão perpétua sem possibilidade de condicional.

Kristin Rossum está cumprindo sua sentença em uma penitenciária da California. Existem diversos documentários sobre o caso e também foram escritos dois livros contando a história: Poisoned Love e Deadly American Beauty.

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