Diana Quer era uma jovem, de apenas 18 anos na época do seu assassinato. Ela passava o verão com a mãe a irmã em A Pobra do Caramiñal, uma cidade pequena perto de Madrid, litorânea e de aproximadamente 10 mil habitantes.
Os pais eram separados e a família era de classe média alta, com uma ótima condição financeira. Na noite dos eventos, ele compareceu às festas de O Carme dos Pincheiros na cidade, e após várias trocas de mensagens no WhatsApp com a mãe e amigos, seu rastro se perdeu por volta das 02h43.
Como ocorreu o crime
Na ocasião a mãe de Diana se ofereceu para levá-la até o portão do chalé onde estavam hospedadas, se despedem. Diana chega até o centro, encontra os amigos a cerca de 900m do local onde estavam em pousada.
Em torno de 2h da manhã Diana resolve ir embora, diz que está cansada, com pouca bateria no celular e que não haveria problema em ir embora sozinha, já que a caminhada era praticamente em linha reta.
A cidade era pequena, em frente a praia, praticamente todas as pessoas se conheciam e a distância era bastante curta.
Durante o caminho a jovem trocou mensagem com os amigos em grupos de whatsapp e também com um amigo que estava em Madrid enquanto caminhava.
Em dado momento nessa conversa Diana revela que está com um pouco de medo de voltar sozinha e logo após se sucede o seguinte diálogo:
“tem um cara me chamando, estou com medo…”
“o que ele está falando Diana?”
“está dizendo: morena vem aqui…”
“e o que você respondeu?”
logo após a última mensagem, não recebida por Diana, o amigo não teve mais respostas.
No dia seguinte a mãe acorda, por volta de 8h da manhã, procura pela filha e percebe que ela não está em casa. Em seguida acorda a filha mais nova, Valéria Quer, e pergunta se Diana deu notícias ou avisou que iria dormir fora. Valéria não sabe de nada.
Diana não tinha o costume de sair sem avisar ou manter a mãe sem notícias, isso aumentou as preocupações das duas que se dirigiram a delegacia.
A polícia orientou a família a esperar a volta da jovem, não tratando o caso como um desaparecimento.
No dia seguinte a mãe retorna a delegacia, reporta novamente o acontecido, e a partir daí os policiais levam o caso como um desaparecimento.
Os amigos foram investigados mas nenhuma pista foi encontrada. O amigo de Madrid disse que não se preocupou com a falta de respostas de Diana porque ela havia dito que estava com pouca bateria e acreditava que voltariam a conversar no dia seguinte pela manhã.
“Eu senti que ela estava com medo, mas quando ela não me respondeu eu só achei que a bateria tivesse acabado e que falaria com ela de manhã.
Amigo de Diana, último a manter contato.
Através de dados obtidos pelo celular, a localização de Diana através de torres de celular, realmente indicava que ela estava indo em direção ao chalé. Em determinado momento é visto que ela passa a se mover rapidamente em outra direção, sentido a uma rodovia de saída da cidade. Essa é a última localização dela, exatamente as 2h58min daquela madrugada.
Atrai grande atenção da mídia
Diana era jovem, bonita e chamava muita atenção. Os pais eram divorciados mas estavam travando uma grande briga judicial que envolvia dinheiro e a guarda das filhas.
A partir disso curiosos e repórteres começaram a especular a vida da família, transformando tudo em um verdadeiro circo e até acusando a mãe de Diana de ter assassinado a filha.
O caso se tornou um escândalo, a mãe de Diana perdeu a guarda da outra filha e teve seus depoimentos questionados por jornais, onde suas falas eram desacreditadas e descritas como “duvidosas”.
Pais de Diana
Celular encontrado no rio
27 de Outubro de 2016, um pescador encontra o celular de Diana jogado na água próximo a uma ponte da região. Apesar de ter sido molhado, o celular foi reativado mas estava bloqueado, mesmo após o desbloqueio não foi possível obter muitas informações além das que a polícia já tinha.
Nesse momento então, tendo como base a região que o telefone foi encontrado, a polícia traçou um raio e chamou para interrogatório todas as pessoas que ali residiam ou tinham estado de passada e que tivessem algum antecedente criminal.
Pelo menos 200 suspeitos foram interrogados, entre eles José Enrique Abuín Gey, conhecido como ““El Chicle”, que tinha passagens por agressão sexual e envolvimento com narcotráfico. Na época ele informou que na noite do desaparecimento estava em casa com a família, e teve o álibi confirmado pela esposa.
Nada pôde então ser provado contra ele, e tempos depois o caso foi arquivado, mas um conjunto de novas diligências acabou por resultar na detenção de um dos principais suspeitos, que confessou o crime as autoridades.
José Enrique Abuín Gey e esposa na época do crime
Investigação
A Guarda Civil interrogou cerca de duzentos suspeitos na região de Arosa, a lista foi reduzida para cerca de oitenta, mas sem qualquer prisão.
Em 25 de dezembro de 2017, Natal, uma jovem faz uma denúncia de tentativa de sequestro seguido de violência sexual na localidade coruña de Boiro, também nas proximidades do estuário de Arosa.
A garota disse que um homem tentou forçá-la a entrar em seu carro, usando de uma faca para intimidá-la. Os gritos e a resistência da mulher chamaram a atenção de vários vizinhos, que compareceram ao local, fazendo com que o agressor fugisse em seu veículo.
A descrição que a mulher fez do agressor condiz com a de um homem chamado José Enrique Abuín Gey, apelidado de El Chicle, e de 41, morador de Taragoña e um dos suspeitos inicialmente interrogados pela Guarda Civil.
Abuín tinha antecedentes criminais por tráfico de drogas, tendo estado preso em 2007. Também havia uma denúncia por agressão sexual feita pela irmã gêmea de sua esposa, que foi posteriormente retirada.
Nesse novo contexto, passaram a interrogar a esposa de Abuín, Rosario Rodríguez, que já havia sido interrogada nas fases iniciais do caso Quer e negou na época que Abuín havia saído de casa na noite de 22 de agosto de 2016. Pois bem, ele tinha estado com ela.
As suspeitas dos investigadores sobre o possível envolvimento de Abuín no caso Quer acabaram fazendo com que Rosario Rodríguez se retratasse da declaração no novo interrogatório, deixando Abuín Gey sem álibi.
Depoimento do criminoso
Num primeiro momento, José Enrique Abuín Gey disse às autoridades ter atropelado acidentalmente a jovem, quando esta caminhava sozinho. Com medo, decidiu esconder o corpo de Diana na mal do carro e escondeu o cadáver. No entanto, as autoridades não acreditaram na versão do suspeito e pressionaram o homem de 41 anos.
Num segundo interrogatório, “El Chicle” confessou à polícia que, depois de ter visto Diana Quer sozinha na rua, tentou violá-la, mas a jovem resistiu e o suspeito acabou por estrangular a jovem de 18 anos, desfazendo-se depois do corpo.
Esta última versão corresponde aos indícios revelados pela troca de mensagens entre a vítima e um amigo, na madrugada em que desapareceu.
Na confissão, ‘El Chicle’, com antecedentes criminais por tráfico de droga e agressão sexual, revelou às autoridades onde tinha escondido o cadáver, mais de um ano depois do crime.
Condenação
O réu foi considerado culpado de homicídio com dolo, cometido para ocultar um outro delito, neste caso, um crime de agressão sexual contra a vítima. De acordo com a imprensa espanhola, foi também condenado por um crime de sequestro.
No caso espanhol, a figura jurídica de prisão perpétua é substituída pela prisão permanente sujeita a revisão. Ou seja, esta condenação é revista a cada intervalo de tempo, decidindo-se, então, se os reclusos devem continuar detidos ou se podem ser postos em liberdade. Esta pena foi introduzida em 2015 e são 13 os criminosos que a receberam como sentença. Apenas em dois casos, a pena foi revista.
Assim sendo, e perante a possibilidade de El Chicle pode sair da prisão, a pena inclui ainda dez anos de liberdade vigiada, não podendo o homicida aproximar-se dos pais e da irmã de Diana – seja das suas casas ou dos locais onde estejam – a uma distância inferior a mil metros. Além disso, não pode contatar com estes de qualquer maneira, durante a pena de prisão e caso venha a ser libertado, durante esse intervalo de dez anos.
Família de Diana