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Aileen Wuornos, a prostituta que se tornou uma assassina em série

Aileen Wuornos, após sofrer um violento estupro de um cliente, desenvolveu repulsa por homens. O resultado disso foram sete assassinatos.

Aileen Carol Pittman, também conhecida como Aileen Wuornos, foi uma prostituta americana, que imersa em um universo hostil desde pequena e sem qualquer estrutura emocional, em um determinado momento da sua vida começou a matar seus clientes alegando que estava se livrando de potenciais estupradores.

Sua primeira vítima ocorreu em 1989, sendo ao total 7 homens assassinatos.

Infância de Aileen Wuornos

Aileen nasceu em Rochester, Michigan, EUA, em 29 de fevereiro de 1956. Filha de Diane Wuornos e Leo Dale Pittman (que casaram dois anos antes de ela nascer), era a filha caçula. Seu irmão, Keith, havia nascido um ano antes.

A infância de Aileen foi no mínimo perturbadora, seu pai era pedófilo e assassino. Quando ela nasceu, Leo estava cumprindo pena por matar uma criança de sete anos após violentá-la sexualmente. Em 1960, quando a menina tinha apenas quatro anos de idade, Diane deixou Aileen e o irmão com os avós e nunca mais apareceu.

Ela e o irmão mais velho recebiam poucos cuidados e quase nenhuma supervisão dos avós sobre o que faziam ou deixavam de fazer. Aos seis anos de idade, durante uma brincadeira, Aileen queimou o rosto com o isqueiro e isso deformou um pedaço de sua bochecha.

A violência sexual parecia algo enraizado na família. Com onze anos Aileen começou a praticar atos sexuais com o irmão e alguns amigos, em troca de drogas e comida. O avô também a violentava e espancava constantemente, e certa vez após ser estuprada por um amigo da família, ela engravidou e entregou o bebê para adoção. Seu avô a culpou por isso e disse que nenhum homem seria capaz de amá-la e formar uma família.

Segundo Aileen, sua avó sabia dos abusos e não intervinha para impedir. Com quinze anos ela já havia largado a escola e se relacionava sexualmente com homens de diversas idades em troca de alguns trocados para sobreviver. Em 1971, após a morte de sua avó, ela foi espancada pelo avô e expulsa de casa.

Não é facil sobreviver nas ruas

Dona de uma autoestima baixa, e acostumada a lidar com violência, Aileen viu a prostituição como seu único caminho. Ela não se sentia bonita e acreditava não merecer ser feliz.

Como consequência bebia muito, e em 1974 “inaugurou” sua ficha criminal. Ela foi acusada de dirigir alcoolizada e fazer disparos com arma de fogo em um veículo, mas nunca compareceu ao julgamento.

Um tempo depois conheceu seu primeiro marido, Lewis Gratz que era dono de um clube de iate. A vida de casada não era algo com que se adaptasse, ela continuava virando noites em bares e quase sempre se envolvia em brigas, inclusive com seu marido. Eles moravam juntos, mas por vários períodos Aileen dormia nas ruas e após alguns dias retornava como se nada tivesse acontecido.

O homem chegou a emitir uma ordem de restrição contra Aileen, após ela ter batido em sua cabeça com uma bengala e causado um grave traumatismo craniano. Em 17 de julho de 1976, Keith, seu irmão, morreu de câncer no esôfago e Aileen recebeu 10 mil dólares do seu seguro de vida. No dia 21, seu casamento com Lewis foi anulado, através de uma requisição feita por ele.

Tyria Moore, seu grande amor

No final da década de 80, Aileen conheceu Tyria Moore enquanto as duas frequentavam um bar gay em Daytona Beach. Nessa época ela já colecionava diversas acusações policiais por roubo a carros e lojas de conveniência, uso de identidade falsa, cheques fraudados e prostituição.

 Diferente do Brasil, a prostituição é ilegal em 49 dos 50 estados dos EUA. Nevada é a exceção. Contratar serviços de prostitutas também é ilegal. Cidadãos desavisados frequentemente abordam agentes policiais femininas nas ruas, caracterizadas de prostitutas, e terminam presos. 

Fonte: JusBrasil.

A paixão entre as duas foi arrebatadora, e rapidamente começaram a namorar e morar juntas. Tyria era seis anos mais nova que Aileen e além de uma relação amorosa as duas exerciam quase que um papel de mãe e filha, onde Aileen queria proporcionar a Tyria todo o afeto e os bens materiais que nunca teve.

Em julho de 1987, o casal foi detido por agressão. Tyria era sustentada por Aileen, que se afundava cada vez mais no abuso de álcool e drogas e obtinha dinheiro para casa com a prostituição. A partir de 1989, Aileen começou a pegar carona com homens ao redor da Flórida no intuito de se prostituir.

Ela parecia precisar trabalhar bem mais, já que agora sustentava uma namorada e tinha que manter um teto sobre suas cabeças e os pequenos luxos de Tyria Moore.

Homens mortos às margens da estrada

Em 13 de dezembro de 1989, o corpo de Richard Mallory foi encontrado numa interestadual em Volusia. Ele fora baleado três vezes e enrolado em um tapete. Em 1º de junho de 1990, a polícia encontrou o corpo de David Spears. No dia 6, o corpo de Charles Carskadoon.

No dia 7, encontraram o carro de Peter Siems, com os vidros quebrados e sangue nos bancos. Em 4 de agosto, o corpo de Troy Eugene Burress foi encontrado na Floresta Nacional de Ocala. A polícia também encontrou o corpo de Charles Richard em 12 de setembro, e o de Walter Gina Antonio em 19 de novembro.

Todos os corpos eram de homens com idade de 40 a 65 anos, encontrados na mesma região e baleados com um revólver. A polícia começou a desconfiar de um assassino em série, e a investigação concluiu que os assassinatos eram precedidos de envolvimento sexual.

O cerco começara a se fechar

Rhonda Bailey, uma idosa de aproximadamente 60 anos, relatou ao bombeiro Hubert Hewet que vira um acidente de carro na frente de sua casa, duas mulheres, uma morena e outra loira ferida no braço, desceram discutindo e visivelmente bêbadas.

Rhonda oferecera ajuda, mas elas negaram, e saíram caminhando. A idosa chamou o socorro.

Hewet avisou o xerife de Mario, que investigou de quem era o carro: Peter Siems, desaparecido desde julho. Ele então divulgou o retrato falado das duas suspeitas à imprensa, e recebeu várias pistas.

Um homem disse que duas mulheres, Tyria Moore e Lee, alugaram um de seus trailers no ano anterior, a dona de um hotel disse que Tyria e Susan Blahovec (um dos nomes falsos usados por Aileen) trabalharam para ela, e uma pessoa não identificada disse que Tyria e Susan eram um casal.

A polícia começou a seguir o rastro das duas, nessa época Aileen já tinha usado cerca de 20 nomes falsos. Elas alugavam imóveis que não conseguiam pagar e após alguns dias eram despejadas e ficavam perambulando entre motéis e hotéis baratos, chegando a dormir nas ruas ou na floresta algumas vezes.

Isso dificultou um pouco o trabalho policial, já que elas não tinham paradeiro fixo. Aileen não era nenhum pouco cuidadosa com os rastros de seus crimes, ela costumava utilizar os carros da vítima, penhorar seus pertences de valor e até a andar vestida com as roupas dos homens.

O Centro Nacional de Informação Criminal descobriu que Susan Blahovec, Cammie Marsh Greene e Lori Grody eram alguns dos pseudônimos de Aileen Wuornos.

Finalmente presa

Em janeiro de 1991 a investigação já estava no final, e para a polícia não haviam dúvidas de que Aileen era uma serial killer. As autoridades decidiram armar uma emboscada: colocaram agentes policiais disfarçados de traficantes em um pub frequentado por Aileen.

Pub The Last Resort, palco da prisão de Aileen. / Foto: RustyClark

Ela rapidamente mordeu a isca, e bastante alcoolizada foi levada a delegacia sob o pretexto de usar identidade falsa, afirmando se chamar Lori Grody.

Tyra Moore foi localizada alguns dias depois, em Pittston, na Pennsylvania. A polícia ofereceu um acordo, ela deveria fazer com que Aileen confessasse os crimes durante uma ligação grampeada e em troca não seria acusada como cúmplice.

A primeira ligação ocorreu em 14 de janeiro de 1991. Aileen chegou a dizer a Tyria que logo estaria solta, e que a polícia nem desconfiava que ela era uma assassina. Depois de alguns dias e telefonemas, Aileen acabou sendo descuidada em suas conversas, chegando a falar que Tyria poderia falar para a polícia toda a verdade sobre os crimes, para que não fosse presa.

Aileen confessou em 16 de janeiro de 1991, dizendo que sua parceira era inocente e que a amava muito. No entanto, alegou ter matado por legítima defesa e, que o gatilho para tudo isso teria sido um cliente que a estuprou durante um programa.

“Você é inocente. Eu não vou deixar você ir para a prisão. Escuta, se eu tiver que confessar, eu o farei. Fui eu quem fiz tudo. Não posso deixar que você responda por algo que não fez.”

Trecho da ligação em que Aileen confessa.

A fama pareceu mexer com Aileen, ela recebia diversas cartas enquanto aguardava julgamento, e parecia confessar cada vez mais crimes em troca de atenção. Em uma dessas cartas recebeu uma proposta de Arlene Pralle para ser sua advogada. Arlene disse que Jesus a havia chamado para essa missão. As duas viraram grandes amigas.

Pralle deu várias entrevistas, dizendo que sua cliente era boa e pura, enfatizando os problemas que Aileen tivera durante sua infância. Em novembro de 1991, Arlene Pralle e seu marido adotaram legalmente Aileen Wuornos.

Condenada a pena de morte

Em 14 de janeiro de 1992, Aileen foi a julgamento acusada de matar Richard Mallory. As provas da acusação incluíam uma câmera e um barbeador de Richard Mallory, encontrados em um storage alugado por Aileen.

Tyria declarou que, no dia da morte de Richard Mallory, Aileen afirmou que havia matado um homem. Segundo Tyria, ela disse que não queria acreditar nisso e pediu a namorada que parasse de falar sobre o assunto. Tyria também disse que Aileen não parecia magoada, chateada ou arrependida no dia em que lhe contou sobre o assassinato.

Durante o depoimento de Tyria, Aileen apertava forte um lenço em suas mãos, e Tyria evitou o contato visual com a namorada o tempo todo. 

Tyria nunca foi acusada nem implicada nos assassinatos.

Tyria Moore durante seu depoimento. / Foto: Reprodução.

Como a Flórida possui uma lei chamada “Regra Williams”, evidências de outros crimes foram usadas para demonstrar o padrão de comportamento de Aileen, incluindo objetos pessoais de outra vítimas que foram encontrados no mesmo local.

O juiz não aceitou a alegação de que os sete assassinatos foram legítima defesa. Segundo Aileen, Richard a havia estuprado e a torturado, mas a acusação mostrou inconsistências na história e os vídeos de sua confissão foram exibidos no tribunal.

A defesa de Aileen declarou que ela era mentalmente doente, sofria de transtorno de personalidade fronteiriça e antissocial, e sua infância conturbada arruinou qualquer chance de normalidade na vida adulta.

No dia 27 de janeiro, Aileen foi considerada culpada por assassinato em primeiro grau e condenada à morte na cadeira elétrica. Em março, foi condenada a mais três sentenças, pelos assassinatos de Dick Humphreys, Troy Burress e David Spears.

Os sete homens assassinados por Aileen Wuornos. / Foto: Reprodução.

No tribunal, Aileen continuou a enfatizar que Richard Mallory a estuprou, mas as outras vítimas não, eles eram apenas clientes normais.

Em junho, se declarou culpada pelo assassinato de Charles Carskaddon. Em fevereiro de 1993, declarou que matara Walter Gino Antonio. Mas não foi condenada pelo assassinato de Peter Siems, pois seu corpo não foi encontrado, porém ao total recebeu seis penas de morte. Ela pediu perdão para a família das vítimas e disse que se arrependia.

“Matei todos aqueles homens e mataria de novo”

Em 2001, Aileen Wuornos pediu à Suprema Corte da Flórida a demissão de seu advogado e suspensão dos seus recursos, dizendo que matou todos aqueles homens e mataria de novo. Seu pedido foi negado.

Aileen Wuornos na prisão. / Foto: Departamento de Correções da Flórida.

Mais tarde, Aileen afirmou que sua comida era cozida em terra e urina, e que ouviu os policiais falando que a estuprariam e queriam que ela cometesse suicídio, também relatou violência e maus tratos. Nada disso foi provado, e Aileen parecia cada vez mais fora de si enquanto permanecia no corredor da morte.

Ela chegou a dar uma entrevista em que “agradeceu” à sociedade por estragar sua vida e fazer com que uma mulher estuprada fosse executada.

A execução de Wuornos aconteceu em 9 de outubro de 2002. Ela faleceu as 9:47h da manhã, horário local. Ela recusou o direito de ter uma última refeição e optou apenas por um café.

Aileen Wuornos foi a décima mulher a ser executada nos Estados Unidos, e a segunda na Flórida, desde 1976, quando a Suprema Corte restaurou a pena de morte.

Onde está Tyria Moore hoje?

Tyria é conhecida por ser cautelosa quanto à sua reputação e imagem pública. Desde então, ela se retirou dos holofotes e está vivendo como uma cidadã privada. De acordo com algumas fontes, presume-se que ela esteja morando na Pensilvânia com sua família.

Elas nunca mais se viram desde o dia em que Tyria depôs contra Aileen.

Filme “Monster”

Uma obra cinematográfica impecável foi feita sobre este caso, o filme se chama “Monster” e a atuação da atriz principal é impecável. Recomendo muito que assistam e deixem nos comentários a impressão de vocês sobre essa história.

Trailler do filme “Monster”

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1 comentário em “Aileen Wuornos, a prostituta que se tornou uma assassina em série”

  1. O problema é quase sempre a infância. Parece que há um padrão na infância dos Serial Killers. Quer dizer, ela cresceu com abusos, drogas e violência sexual e doméstica como base, como queriam que a mulher fosse mentalmente sã na idade adulta? Me pergunto o que teria acontecido se lhe tivessem oferecido ajuda…

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