Elizabeth Ann Smart nasceu em 3 de novembro de 1987, em Salt Lake City, Utah, nos Estados Unidos. Ela cresceu em uma família amorosa e dedicada, cercada de apoio e carinho. Elizabeth era uma adolescente brilhante, com um futuro promissor pela frente.
Filha de Edward “Ed” e Lois Smart, ela possui quatro irmãos e uma irmã; ela é a segunda filha mais velha. Sua família fazia parte da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e todos eram muito unidos. Elizabeth sempre foi apaixonada por música.
Sequestro
5 de junho de 2002, era uma noite normal em Salt Lake City, Utah. Elizabeth e a irmã mais nova conversaram com a mãe na sala e logo em seguida foram para o quarto em que dividiam.
Durante as primeiras horas da madrugada, um homem entrou pela janela e percorreu os corredores, movendo-se nas sombras para não despertar a atenção de ninguém. Ele chegou ao quarto de Elizabeth e, com uma frieza calculada, cobriu sua boca para abafar qualquer som de alerta.
Elizabeth acordou abruptamente, sua visão embaçada e o coração acelerado, enquanto o pânico tomava conta de seu corpo. Ela pôde sentir um objeto gelado e pontiagudo que pressionava seu pescoço.
O homem, até então desconhecido, a ameaçou de morte caso ela não cooperasse. Diante disso Elizabeth foi conduzida pela casa até a porta da frente de onde deixou a casa a pé junto com seu sequestrador.
A irmã menor de Elizabeth, Katherine de nove anos, presenciou todo o ocorrido na cama ao lado enquanto fingia estar dormindo. Quando a pequena garota percebeu que os dois haviam saído da casa ela foi até o quarto dos pais e contou o que viu.
Lois Smart, a mãe, demorou para entender a gravidade do acontecido. Ela chegou a pensar que Katherine havia tido um pesadelo e Elizabeth apenas tinha ido ao banheiro. De tanto que Katherine insistiu a mãe decidiu verificar, assim que percebeu o sumiço da filha contatou a polícia.
Acampamento na floresta
O sequestrador era um homem chamado Brian David Mitchell, que também era mórmon e disse ter sido escolhido por Deus. Ele afirmava que deveria ter sete esposas e a segunda tinha que ser Elizabeth.
Naquela noite, ele e Elizabeth caminharam por vários quarteirões até chegar em uma floresta onde ele obrigou que a garota entrasse. Bem no centro da mata havia uma barraca de acampamento e também outra mulher os aguardando.
Wanda Barzee era a primeira esposa de Mitchell. Ela recebeu Elizabeth com um abraço, algo que soou como “agora você pertence a nós”. Logo em seguida, a garota foi conduzida para dentro do abrigo e lá participou de uma cerimônia de casamento entre ela e Mitchell.
Nas semanas em que se seguiram, Elizabeth foi constantemente estuprada e ameaçada. Mitchell sempre a lembrava de que se tentasse fugir ele rapidamente iria atrás de sua família e mataria um por um. É importante lembrar que ela tinha apenas 14 anos na época do crime, e ele sempre dava provas do que era capaz.
Um pingo de esperança
Elizabeth passava bastante tempo acorrentada a uma árvore, fazia poucas refeições e era agredida física, sexual e psicologicamente. Por vezes Mitchell deixava o acampamento e a garota ficava sob os cuidados de Wanda, que nunca a ajudou a fugir.
Após meses de cativeiro, Elizabeth e seus sequestradores, Mitchell e Wanda, estavam em busca de um lugar para se refugiar, longe dos olhos curiosos e suspeitos.
Foi em uma biblioteca pública em Sandy, Utah, que o destino entrou em ação. Uma estudante tinha visitado a biblioteca para usar a internet. Enquanto navegava ela viu um casal estranho acompanhado por uma garota cuja semelhança com Elizabeth Smart era inegável.
É importante lembrar que nesta altura, a foto de Elizabeth já estava espalhada pelas ruas, em caixas de leite e era matéria frequente na televisão. na ocasião o homem usava barba e as duas mulheres estavam com lenços que cobriam seu rostos e cabeças.
Sem levantar suspeitas, a garota falou tudo pra a bibliotecária que prontamente chamou a polícia. Enquanto isso, ela manteve-se discreta, observando de longe enquanto as engrenagens da operação de resgate começavam a se mover.
A polícia, com base nas informações fornecidas, rapidamente cercou a biblioteca fechando todas as saídas possíveis.
Quando abordados, um dos oficiais se dirigiu a Elizabeth pedindo que se identificasse. Ela conta que na época seu corpo ficou tomado por uma sensação que a congelou e a tornou incapaz de dizer uma palavra sequer, tamanho medo havia adquirido.
Antes de qualquer outro movimento, Mitchell intrometeu-se afirmando que ela era sua filha e que pela sua religião era inaceitável que ela retirasse o lenço em público. Por mais surreal que pareça os policiais acreditaram no homem e foram embora.
Katherine consegue identificar o agressor
A certa altura, Katherine conseguiu identificar o sequestrador da irmã. Ela frequentemente concentrava-se em lembrar de detalhes que pudessem ajudar no caso.
Katherine disse a mãe que o sequestrador era Emmanuel, o morador de rua que havia prestado serviços de construção para a família semanas antes do crime.
Emmanuel, que na verdade se chamava Mitchell, pedia esmolas na rua e recebeu algumas moedas de Lois enquanto ela e Elizabeth passeavam pelo centro da cidade. Ele agradeceu e disse a ela que estaria disposto a prestar serviços de jardinagem ou construção caso a família precisasse.
Semanas depois, Ed, pai das meninas o contratou para realizar um trabalho e foi aí que ele se aproximou da família e acabou conhecendo Elizabeth e Katherine.
Na ocasião a família foi até o distrito policial, mas as autoridades não deram muita atenção para o depoimento de uma menina de nove anos de idade. Lois Smart pediu que fosse feito um retrato falado do suspeito, algo que a polícia negou em primeiro momento.
Libertação de Elizabeth Smart
Em março de 2003 uma testemunha atenta avistou Elizabeth em um supermercado em Sandy, Utah, acompanhada por Mitchell. A polícia foi imediatamente acionada e, em uma operação cuidadosamente planejada, Elizabeth foi resgatada do inferno em que vivia.
A atendente de supermercado reconheceu a garota e agiu calmamente enquanto acionava as autoridades. Em poucos minutos muitos carros da polícia já haviam chego ao local e Elizabeth foi resgatada, enquanto Mitchell e Wanda foram levados sob custódia.
Julgamento
O processo judicial começou com a acusação formal dos sequestradores. Brian David Mitchell, considerado o mentor por trás do plano de sequestro, foi acusado de uma série de crimes, incluindo sequestro, estupro e agressão sexual.
Wanda Barzee, cúmplice de Mitchell, também enfrentou acusações similares relacionadas à participação nos atos criminosos.
Elizabeth prestou depoimento, compartilhando sua experiência traumática e a terrível violência que sofreu nas mãos de seus sequestradores.
Após um longo e exaustivo processo legal, em 2010, Brian David Mitchell foi considerado culpado de múltiplas acusações. Elas incluíam sequestro e estupro, sendo condenado à prisão perpétua sem direito à liberdade condicional.
Wanda Barzee também foi condenada, recebendo uma sentença de 15 anos de prisão.
“A vida não é uma questão de ter boas cartas, mas de jogar bem com uma mão ruim”
Apesar das circunstâncias terríveis e do trauma indescritível que enfrentou, Elizabeth nunca permitiu que sua identidade fosse completamente apagada. Ela se recusou a viver para sempre como uma vítima.
Segundo conta, ela precisou ligar o “modo sobrevivência” e confiar que aquilo um dia iria acabar e que sairia viva dessa.
Elizabeth Smart tornou-se ativista em casos de sequestro e abuso contra crianças e adolescentes. Além dos diversos prêmios que já recebeu, ela escreveu um livro “My Story” (disponível apenas em inglês) que é pura emoção, onde conta com detalhes tudo que passou durante os nove meses de sequestro.
Link do livro “My Story” na Amazon.
Em 5 de junho de 2017, 15 anos após o crime, a Lifetime exibiu o filme I Am Elizabeth Smart, narrado e produzido por Smart, que conta a história de seu sequestro de sua perspectiva.
A história de Elizabeth Smart é uma fonte de esperança e encorajamento para todos aqueles que já enfrentaram situações difíceis. Ela nos lembra que, independentemente das circunstâncias adversas que possamos enfrentar, sempre há a possibilidade de reconstrução, cura e crescimento.
Se você gostou de ler este caso, sugiro que conheça a história de Natascha Kampusch e Alison Botha. Ambos os casos envolvem sequestro, justiça e superação.
Como que pode, a policia em muitas das fezes, é negligente.