O primeiro crime conhecido de Sharon Louis Carr foi o assassinato de Katie Rackliff, de 18 anos. A vítima era uma aplicada aprendiz de cabeleireira que sonhava em abrir seu próprio salão de beleza.
Algumas semanas antes do crime, Katie havia terminado com o seu namorado e estava desestabilizada com isso. Como alternativa, suas amigas a convidaram para sair na noite de 6 de junho de 1992.
As garotas foram a um pub e por algum motivo desconhecido se separaram durante a noite. A festa acabou por volta das 4h da manhã, e Katie não estava mais na região. Ela morava cerca de 7km do local, então acredita-se que ela tenha pego um táxi ou uma carona para ir para casa.
Katie Rackliff é encontrada morta
Às 7 da manhã do dia seguinte, a quase 5km de distância do pub, o cadáver de Katie foi encontrado em um beco. Ela estava seminua, e seu corpo estava cheio de facadas. Ao todo haviam 32 perfurações, as mais brutais foram feitas na área de seus genitais e havia uma poça enorme de sangue debaixo de seu corpo.
A cena indicava um crime de motivação sexual, e como a garota tinha sido levada para um local deserto, tudo indicava que o criminoso tivesse de 20 a 30 anos e fosse um homem com força suficiente para carregá-la até ali.
A perícia constatou que Katie foi esfaqueada de maneira lenta, o criminoso alternou entre facadas superficiais e cortes mais profundos. Provavelmente sentiu entusiasmo ao torturar sua vítima e alguns dos ferimentos foram infligidos depois de Katie já estar morta.
Investigação frustrada e novo ataque
Dois anos se passaram desde esta data, a polícia continuava sem nenhuma pista, até que em 7 de Junho de 1994, exatamente dois anos após o primeiro ataque as autoridades foram chamadas até uma escola.
Uma aluna havia esfaqueado brutalmente sua colega de classe no banheiro da instituição. A vítima era Ann Marie Clifford que tinha sido atraída por Sharon Carr, então com 14 anos, no intuito de procurar uma moeda perdida.
Ann Marie felizmente sobreviveu ao ataque, mesmo tendo seu pulmão perfurado por uma faca de 10cm, e foi capaz de testemunhar contra Sharon. Ela contou a polícia que ao entrar no banheiro com a colega, Sharon rapidamente a derrubou no chão e passou a deslizar a faca sob seu corpo enquanto gargalhava de maneira perturbadora.
Mesmo apavorada, Ann Marie conseguiu lutar com Sharon e se levantar, mas quando estava prestes a sair do banheiro levou uma facada nas costas que a fez cair. Alunas que passavam no corredor ouviram os gritos de Ann e conseguiram impedir que a cena de agressão levasse a um desfecho fatal.
Imediatamente Sharon Carr foi conduzida até um hospital psiquiátrico e internada em uma cela isolada. Logo depois ela foi levada a julgamento e condenada a 2 anos de reclusão em um centro de detenção para menores infratores.
Quem era Sharon Carr?
Sharon nasceu em Belize, na América Central, uma antiga colônia britânica. Sua família era extremamente pobre, ela e os irmãos conviviam diariamente com a fome.
O pai era alcoólatra e a mãe tinha um temperamento explosivo, ela costumava aplicar castigos violentos nos filhos como colocar pimenta nos órgãos genitais das crianças e queimar seus corpos com pontas de cigarro.
Quando Sharon tinha oito anos de idade, sua mãe conheceu um soldado britânico que estava em missão na região. Quando ele precisou voltar a Inglaterra os dois decidiram se casar e se mudaram com as crianças para Surrey.
Nessa época, as condições de vida da família melhoraram muito, e pela primeira vez Sharon tinha condições de frequentar a escola e se alimentar com qualidade. Ela rapidamente se adaptou a nova vida, fez vários amigos e entrou para o time de basquete.
Um tempo depois Sharon mudou completamente seu comportamento, tornou-se agressiva, começou a andar com colegas que usavam drogas e realizavam assaltos. Aos 11 anos de idade ela já era viciada em maconha.
Uma curiosidade sobre a família é o fato de que Sharon e a mãe praticavam atos de voduísmo, e que isso influenciou a garota a matar e decapitar animais para rituais. Essa crença era uma herança de gerações e utilizada no intuito de controlar a mente de outras pessoas.
Na mesma época em que os problemas escolares começaram, o marido de sua mãe decidiu se separar, cansado da agressividade que enfrentava no casamento.
A situação piorou muito nessa época, e em um ataque de fúria, Sharon testemunhou sua mãe atirando uma panela de óleo quente em seu marido, causando-lhe severas queimaduras.
O militar conta que Sharon, enquanto via a cena, agia como se nada tivesse acontecendo. Sabe-se que a menina testemunhava violência doméstica praticamente desde o nascimento, então era comum que não se chocasse com cenas como esta.
Hospital psiquiátrico
Após ser condenada pela tentativa de homicídio a colega de escola, Sharon estava prestes a ser liberada após cumprir os dois anos de sua pena. Nesse momento, no intuito de atrair atenção de outras presas, ela começou a se gabar por um assassinato que teria cometido aos 12 anos de idade.
Rapidamente essa história se espalhou pela instituição e Sharon foi confrontada pela polícia com a ajuda de psicólogos. Após 27 horas de interrogatório, Sharon confessou o assassinato de Katie Rackliff nos mínimos detalhes deixando os investigadores de queixo caído.
Uma busca policial feita na casa de Sharon revelou um diário em que ela dava detalhes gráficos do assassinato de Katie e escrevia sobre sua intensa vontade de matar.
Eu sou uma assassina, meu negócio é matar e sou muito boa nisso…
Matar me excita e me deixa eufórica. Às vezes vejo o diabo no espelho, mas aí percebo que o diabo sou eu mesma.
Eu coloquei a faca no peito dela, ela estava implorando, mas eu continuei e ela era linda enquanto morria…
Passagens do diário de Sharon Carr.
Ao confessar o crime, Sharon disse que naquela noite estava de carro com dois amigos mais velhos. Eles avistaram Katie na rua, que aparentava estar bêbada e lhe ofereceram uma carona. A jovem aceitou.
Durante a carona Katie percebeu que algo de ruim aconteceria com ela, então conseguiu saltar do carro em movimento e correr na direção de um parque. Mas ela foi perseguida por Sharon, derrubada no chão e então esfaqueada.
Os dois homens não participaram do crime, eles abandonaram as duas garotas na rua assim que perceberam que Sharon se descontrolou e passou a correr atrás de Katie. Após cometer o crime ela arrastou o corpo de Katie até um beco e o deixou lá.
Justiça para as vítimas
Finalmente em março de 1997, Sharon Carr foi sentenciada a 14 anos atrás das grades pelo homicídio de Katie Rackliff. Devido ao crime ter acontecido quando ela tinha apenas 12 anos de idade, seu caso serviu para vários e estudos e ela foi diagnosticada com transtorno esquizoafectivo, quando sintomas da esquizofrenia, delírios, paranoia e alucinações juntam-se a loucura e depressão.
Em 2020, seu pedido de diminuição da pena foi negado, após ter ficado provado que Sharon planejava o assassinato de outra reclusa, por isso um juiz determinou que ela deveria ficar presa por tempo indeterminado.
Sharon Carr não possui condições de conviver em sociedade e segue presa até os dias atuais.