Leila Fowler morava em Valley Springs, Califórnia. A cidade tem cerca de 3000 habitantes e é considerada um local seguro para se viver. Ela morava com seu pai, Barney Fowler e a madrasta.
O intruso
No dia 27 de Abril de 2013, Leila, então com 8 anos, estava em casa acompanhada de seu irmão Isiah Fowler de 12 anos de idade. Seu pai e madrasta haviam saído para um jogo de futebol e a garota teria ficado sob cuidados do irmão mais velho.
Em algum momento durante a tarde, Isiah foi ao banheiro, e de dentro do cômodo ouviu uma voz masculina dizendo “ei, eu sei que você está aí”, segundos depois começou a ouvir gritos de Leila.
Quando saiu do banheiro, deparou-se com um homem alto de cabelos grisalhos que saiu correndo pela porta da frente. Assim que chegou ao quarto, Isiah encontrou Leila deitada em uma poça de sangue.
Os pais da menina foram avisados pelo filho e chegaram em casa antes mesmo da ambulância. Barney foi capaz de segurar a filha, ainda com vida, em seus braços. Assim que o serviço de emergência chegou, Leila foi encaminhada ao hospital, mas devido a brutalidade de seus ferimentos, não resistiu.
Quando autoridades policiais chegaram ao local, Isiah forneceu mais detalhes sobre o homem que havia invadido sua casa. Além de ser alto e grisalho, tinha origem caucasiana ou hispânica e usava uma blusa de mangas compridas na cor preta e calças jeans.
Teorias iniciais do crime
Tomando como ponto de partida as informações dadas por Isiah Fowler, a polícia passou rapidamente a acreditar que o agressor não agiu de maneira aleatória, quer dizer que ele já sabia quem seria sua vítima.
Varreduras pela cidade foram realizadas, muitos vizinhos se juntaram às buscas e uma área bastante extensa pôde ser patrulhada. Uma vizinha que morava em frente aos Fowler, testemunhou dizendo que viu um homem saindo correndo da casa da vítima naquele mesmo dia.
Impressões digitais e possíveis evidências foram recolhidas, estranhamente não havia sinais de arrombamento e nada foi roubado. Um jogo de facas de cozinha da família também foi recolhido para perícia.
Não demorou muito para que os moradores da pequena cidade entrassem em pânico e muitos rumores de um Serial Killer à solta estavam perturbando as famílias. A polícia redobrou a segurança em áreas estratégicas, e a partir desse momento todos que cruzavam os principais acessos do condado eram parados e precisavam fornecer seus documentos.
Suspeitos
Dois homens que cometeram crimes relacionados a sequestro na época, foram indicados como suspeitos. Não demorou muito para que a investigação comprovasse que nenhum deles batia com a descrição física dada por Isiah, e seus álibis para o dia do crime de Leila eram consistentes.
Nesta altura da investigação, uma vizinha que confirmou que também havia visto um homem grisalho sair correndo da casa dos Fowler na data do crime, resolveu retirar seu depoimento e comunicou que não colaboraria mais com a polícia.
Todos ficaram surpresos, a polícia chegou a acreditar que a vizinha estava com medo de sofrer alguma retaliação por informar o que teoricamente teria visto. Essa era a pista mais importante do caso, e seu depoimento inicial corroborava perfeitamente com a versão de Isiah.
Outro vizinho da frente de Leila, disse aos policiais que passou a tarde cortando grama na companhia de seus cães. Nada lhe chamou atenção naquele dia, e segundo ele, se houvesse alguém saindo às pressas da casa da frente com certeza seus cães teriam latido.
A partir deste instante as autoridades passam a revisar os depoimentos e informações fornecidas por Isiah Fowler e encontram discrepâncias quando comparadas as evidências.
Divergências na história de Isiah Fowler
Sabia-se que Leila foi esfaqueada na sua cama de beliche, mas de alguma forma seu corpo foi encontrado no chão. Não haviam pegadas ensanguentadas indicando que ela mesma teria caminhada pelo quarto.
Uma faca foi encontrada na gaveta da cozinha, e na lâmina continham vestígios de sangue que posteriormente comprovou-se ser da vítima. Quando os paramédicos chegaram à cena após a ligação de Isiah, o corpo de Leila já estava frio, indicando que ele levou várias horas para chamar ajuda.
A ligação para o serviço de urgência foi ouvida várias vezes, e nela é possível perceber que Isiah só menciona que a irmã foi esfaqueada cerca de um minuto e meio após ser atendido.
Todos estes acontecimentos resultaram na prisão de Isiah, onde a acusação de assassinato em segundo grau foi confirmada no dia 11 de maio.
Cidade em choque
A notícia da prisão de Isiah deixou a população confusa, seus professores, vizinhos e amigos disseram que não acreditavam que o jovem fosse capaz de matar a própria irmã. O pai e a madrasta de Isiah também ficaram ao seu lado.
Por outro lado, havia uma resposta, aquele teria sido um crime isolado e felizmente não havia um predador de crianças à solta.
Isiah negou o crime e teve o apoio da família, seu pai chegou a dizer em público que só acreditaria na polícia caso os investigadores trouxessem provas que fossem, segundo ele, indiscutíveis.
Detalhes que levaram ao assassino
O diretor de perícia responsável pelo caso afirmou que uma gota de sangue de Leila foi encontrada na pia da cozinha e outras pequenas manchas foram encontradas na porta que ligava o mesmo cômodo à garagem.
O banheiro da casa estava extremamente limpo comparado a desordem de outros ambientes. A promotoria sugeriu que Leila foi atacada enquanto deitada na parte de cima do beliche e logo após foi arrastada ou empurrada para o chão.
Uma camiseta suja com o sangue de Leila, foi descoberta dentro de um cesto no quarto de Isiah. Não foram encontrados sinais de violência sexual e nem vestígios de sêmen.
Desfecho
A defesa de Isiah alegou que a perícia não foi feita da maneira correta e evidências teriam sido contaminadas devido a forma em que foram coletadas. Seu advogado disse que as autoridades precocemente ignoraram o fato de que um intruso realmente estivera lá.
O juiz não acatou nenhuma destas alegações, e a promotoria tinha um embasamento bastante forte, já que a arma do crime era de fato a faca que continha o sangue da vítima.
“Se houvesse mesmo um intruso na casa, porque ele limparia toda a cena do crime antes de sair?”
Questionamento realizado pela promotoria.
Isiah Fowler foi condenado por assassinato em segundo grau e obrigado a permanecer sob custódia até completar 23 anos. Nenhuma motivação para o crime foi esclarecida.
Alguns terapeutas infantis que participaram de programas onde o caso foi coberto, sugerem que Isiah teria tido um ataque de fúria no momento em que cometeu o crime e isso pode ter sido desencadeado por um trauma do passado.
A família do garoto segue acreditando até hoje em sua inocência, muitos recursos pedindo a anulação da sentença seguem sendo enviados por seu advogado.