John Wayne Bobbitt era um militar americano, que conheceu Lorena Gallo (seu nome de solteira) em 1988. Ela era manicure e estava realizando o sonho de morar nos EUA com seu visto de estudante, já que era natural do Equador.
A jovem tinha apenas 18 anos na época, era virgem e bastante católica. A paixão dos dois foi avassaladora, e após 10 meses juntos John a pediu em casamento tirando um anel de noivado do fundo da piscina em que nadavam.
Violência doméstica e abuso sexual
Apenas um ano após se casarem, em 1989, o casal dirigia por uma estrada. John estava bêbado e fazia manobras arriscadas com o carro enquanto dava risada. Lorena ficou com muito medo e pediu para ele parar, neste momento John deu um soco em seu rosto ainda com o carro em movimento.
Esse foi o primeiro de muitos episódios de agressão e também de estupro, onde John a obrigava a fazer sexo a força, ignorando as súplicas de Lorena.
Após quatro anos e meio de agressões, Lorena procurou uma delegacia e pediu uma ordem de restrição contra John, mas os policiais disseram que ela teria que esperar em torno de 3h para formalizar o documento e isso fez com que ela desistisse.
Noite do caso
Em 23 de junho de 1993, John recebeu um velho amigo em sua casa e os dois passaram a noite bebendo em uma boate local e voltaram por volta das 3h da manhã.
Lorena ficou em casa dormindo e acordou com John em cima dela querendo ter relações sexuais. Ele estava bêbado e bastante agressivo, Lorena disse que não consentiu e tentou levantar da cama, todavia ele a segurou e a estuprou.
Quando John se deu por satisfeito, virou para o lado e dormiu nu. Lorena levantou da cama, foi ao banheiro e desceu para beber um copo de água. Logo que entrou na cozinha se deparou com uma faca sobre o balcão e nesse momento mil pensamentos passaram em sua mente e a raiva tomou conta de seus atos.
“Eu queria garantir que John não abusaria nunca mais de mim e de nenhuma outra mulher.”
Lorena Bobbitt, em depoimento para polícia.
Lorena pegou a faca, subiu até o quarto, retirou o lençol que cobria John e em um movimento único arrancou seu pênis. Ela saiu correndo carregando a faca em uma mão e o pênis em outra. John, por sua vez, pressionou o lençol na região da cintura e gritou para que o amigo, que dormia no quarto ao lado, o levasse para o hospital.
Os dois homens dirigiram até a emergência mais próxima, e a primeira vista parecia que John havia cortado a mão e por isso segurava uma toalha ensanguentada na região da cintura. Mas assim que foi examinado, a equipe médica viu que seria necessário uma cirurgia imediata, transfusão sanguínea e a presença de um cirurgião plástico.
Membro arremessado em um gramado
Enquanto John aguardava cuidados médicos, Lorena saiu em seu carro dirigindo em direção ao salão de beleza onde trabalhava, quando deu-se por conta que ainda carregava o membro decepado em seu colo, o arremessou em um gramado da vizinhança.
Chegando no local de trabalho, a mulher percebeu que o salão estava fechado e que ainda era madrugada. Ela descartou a faca em uma lixeira do local e dirigiu até a casa de sua chefe onde pediu ajuda e a polícia foi acionada.
Lorena confessou tudo e deu a localização do órgão e também da arma do crime. A polícia conseguiu recuperar o pênis de John e o levou para o hospital, onde foi lavado e mantido no gelo até que David Berman, cirurgião plástico, chegasse ao hospital.
Nove horas de cirurgia sem garantia de sucesso
David Berman era o único na região especializado em micro cirurgia, capaz de reconstruir veias, artérias e nervos utilizando um microscópio. Nesta altura, John já havia perdido um terço de seu sangue, mas sobreviveu a cirurgia e seu quadro de pós operatório era estável.
Logo quando internou na UTI, John chegou a dizer ao médico que sabia que seu órgão nunca mais funcionaria e se mantinha bastante cético em relação ao sucesso da cirurgia.
Três dias após a cirurgia, John ainda estava com os pontos do procedimento, mas foi capaz de perceber, através de uma ereção matinal involuntária, que seu membro estava funcionando perfeitamente.
Repercussão midiática
Cerca de 12h após o caso, enquanto a mídia fazia um verdadeiro circo em torno da história, propagando piadas e especulando detalhes íntimos, Lorena permanecia presa e dando depoimentos.
Quando questionada sobre a motivação do crime, Lorena era enfática dizendo “ele abusou de mim”. Ela parecia bastante abalada, seu inglês não era dos melhores, e não foi disponibilizado um tradutor enquanto depunha.
Julgamento controverso
O julgamento aconteceu dois meses depois que o júri, composto por nove mulheres e três homens, declarou John Bobbitt inocente da acusação de violência doméstica e estupro. Lorena foi julgada por agressão.
Dezenas de testemunhas dos maus tratos prestaram depoimento, colegas de trabalho testemunharam dizendo que viram Lorena com machucados e hematomas no salão de beleza.
Vizinhos disseram que ouviam gritos de Lorena corriqueiramente, e até alguns amigos de John afirmaram que ele se orgulhava em dizer que praticava sexo sem consentimento e isso o excitava. Todas essas alegações foram ignoradas.
Após horas de deliberação entre a advogada Lorena, a promotoria e o júri, ela também foi inocentada. Segundo o juiz ela estava num período de perturbação mental quando cometeu o crime.
“O que é mais valioso para os senhores? Um pênis ou uma vida?”
Alega a advogada de Lorena, durante julgamento.
John Bobbit se torna uma estrela pornô
Alguns tempo depois, quando John já estava totalmente recuperado, a indústria pornô começou a lhe fazer propostas para filmes adultos. Segundo os produtores, um pênis Frankstein faria muito sucesso em Las Vegas.
John era debochado sempre que falava do crime, Lorena virou uma piada nacional. Jornalistas chegaram a dar declarações do tipo “que bom que o membro foi recuperado, odiaria vê-lo estampado em uma caixa de leite”. Citação que faz alusão a crianças desaparecidas e ao alerta amber, que estampa fotos de pessoas desaparecidas em produtos e comerciais.
Atualmente Lorena está casada e cria sua filha enquanto administra a fundação Lorena’s Red Wagon, dedicada a ajudar sobreviventes da violência doméstica.
John vive em Las Vegas com uma namorada. Após o incidente com Lorena ele teve sua ficha policial bastante movimentada nos últimos anos. As duas próximas esposas e algumas namoradas o acusaram de estupro, agressão e violência doméstica.
John nunca ficou preso por nenhuma dessas acusações e hoje é um operário da construção civil.