Amber Renee Barker, nascida em 14 de outubro de 1987, então com 10 anos, morava em Oklahoma City com sua mãe. Bonnie Barker era mãe solteira, e seu ex-marido morava em outra região. A garota ainda tinha mais sete irmãos.
Ela era aluna da escola James Monroe Elementary School, e como qualquer criança nessa idade, possuía muitos interesses. Familiares e amigos de Amber lembram que ela era muito boa com animais, adorava andar de bicicleta e queria ser soldadora quando crescesse.
O sequestro de Amber Barker
No dia 18 de dezembro de 1997, por volta das 15h, Amber sai com sua bicicleta e vai de encontro a uma amiga que morava a 800m de distância de sua casa. Enquanto brincava na casa da amiga, Amber fez uma ligação para mãe e tudo parecia bem.
Por volta das 17h, a pequena garota deixa a casa da amiga pedalando, sendo vista pela última vez andando em sua bicicleta azul de 10 marchas por uma rua local em direção a sua casa.
O trajeto não deveria levar mais do que cinco minutos, e era bastante comum que a garota pedalasse no entorno de sua residência e encontrasse os amigos vizinhos para brincar, todavia Amber nunca voltou para casa.
Criança desaparecida
Às 19h20min, Bonnie liga para a polícia e relata o desaparecimento da filha. Cerca de 35 agentes do FBI, policiais do distrito, familiares e vizinhos saíram em busca de Amber. A polícia chegou a montar um programa de computador para ajudar a organizar dicas e informações no posto de comando.
Durante as caminhadas de busca pela vizinhança, um membro da família encontrou o anel de prata de Amber numa das ruas que dava acesso a sua casa.
Sua irmã, Tonja Barker de 18 anos, e a tia das meninas, Joan Barker de 38, distribuíram panfletos com foto e características de Amber. Um homem disse a Joan que viu a garota andando de bicicleta em frente ao Drexel Condominiums (condomínio residencial próximo a casa de Amber), às 17h25min, e que na mesma rua havia um menino vendendo doces enquanto ela passava.
A bicicleta e as roupas de Amber são encontradas
Na manhã do dia seguinte, entre 10h e 11h, a bicicleta da garota foi encontrada cerca de um quilômetro ao sul do Drexel Condominiums. Não havia qualquer dano no equipamento e ela estava encostada em uma árvore, como se tivesse sido estacionada ali.
Dois dias após o desaparecimento de Amber, em 20 de dezembro, policiais encontraram os tênis da menina, o calçado esquerdo foi encontrado a um quarteirão de distância do calçado direito.
Uma meia que pode ter pertencido a Amber e seu casaco bege foram encontrados perto de um jardim na Rua Drexel. A polícia nunca conseguiu encontrar as calças e as roupas íntimas que Amber usava naquele dia.
Até o Natal, as buscas por Amber Barker foram intensas, grande parte da população local trabalhou em conjunto com a polícia.
Em busca de qualquer pista
A mãe de Amber, Bonnie, estava desesperada. Enquanto procurava pistas no quarto da filha, lembrou de um comentário que a menina havia feito um dia antes de seu desaparecimento.
Amber disse a mãe que estava com medo de Daniel John Smith de 24 anos, marido da irmã de Amber, Debbie Barker de 22. Ela relatou que tinha visto Daniel naquele dia e estava com medo que ele a forçasse a entrar em seu carro.
Rapidamente a mãe contatou a polícia, Daniel já tinha falado com as autoridades na noite do sequestro e na ocasião disse não saber nada sobre seu desaparecimento. Em 20 de dezembro, eles decidiram que deveriam falar com ele novamente e começaram a procurá-lo.
Quem era Daniel John Smith?
Daniel Smith não teve uma infância fácil, a falta de cuidados de sua mãe viciada fez com que o garoto fosse afastado de casa e colocado para adoção com apenas seis anos de idade.
Ele nunca foi adotado por uma família, e cresceu vivendo em diversos lares adotivos. No início de sua adolescência já tinha problemas com álcool e drogas.
Na época em que Amber desapareceu, Daniel estava cumprindo uma sentença de cinco anos por sequestro já que atacou uma mulher em um estacionamento no dia 23 de abril de 1995.
Comportamento exemplar
O homem alegou que estava bêbado e tentava roubar as chaves do carro da vítima. A polícia inicialmente o acusou de roubo, mas depois a acusação foi alterada para sequestro.
As autoridades acrescentaram uma segunda acusação por intimidar uma testemunha do Estado depois que Smith ameaçou um segurança durante sua audiência no tribunal.
Como parte de um acordo com os promotores, Daniel Smith se declarou culpado de sequestro e foi enviado para um programa de treinamento de quatro meses no Centro Correcional William S. Key para jovens adultos.
Os promotores retiraram a acusação de intimidar a testemunha do Estado, e o bom comportamento e o sucesso no programa de reabilitação foi decisivo para que o Gabinete do Procurador Distrital do Condado de Oklahoma suspendesse sua pena de cinco anos. Em seguida ele foi solto.
Em novembro de 1996, o juiz distrital Leamon Freeman condenou Daniel a cinco anos de liberdade condicional, mas fez uma sentença adiada.
Os termos de sua liberdade condicional eram simples: Daniel Smith teve que frequentar reuniões dos Alcoólicos Anônimos, receber aconselhamento psicológico e manter-se num emprego de meio período.
Ele recebeu um oficial de condicional, com quem se encontrava uma vez por mês. Mas não demorou muito para que ele voltasse a se meter em problemas.
Violência doméstica contra Debbie Barker
Em 30 de novembro de 1997 a polícia recebeu uma ligação de Debbie Barker, irmã de Amber Baker. Durante o telefonema ela relatou ter sido agredida por seu marido, Daniel Smith, após ter se recusado a ter relações sexuais naquele dia.
A polícia não pareceu fazer grandes esforços para responsabilizar Daniel, e dias antes do desaparecimento de Amber ele não compareceu a uma reunião do AA, e a polícia expediu um mandado de prisão por violação de liberdade condicional.
Corpo encontrado no Ray Trent Park
Em 21 de dezembro de 1997, a polícia encontrou o Mitsubishi prata de Daniel em uma loja de conveniência. Na manhã seguinte, voluntários da Associação de Vigilância do Bairro Del Aire e policiais vasculharam um parque que ficava ao lado.
Às 11h30 de 22 de dezembro de 1997, os investigadores encontraram o corpo de Daniel Smith pendurado pelo pescoço em uma árvore no Ray Trent Park. Sua morte foi considerada suicídio.
Existem algumas divergêcias de localização neste caso. O local em que o corpo de Daniel foi encontrado parecia estar a menos de 1,6 km da loja de conveniência, mas o Google Maps mostra o parque a cerca de 8 km ao norte da loja.
Se o site estiver correto, não faz sentido que Smith andasse 5 milhas para cometer suicídio, ele provavelmente teria estacionado seu carro mais perto do parque. Teorias de um possível assassinato foram levantadas, mas rapidamente excluídas pela polícia.
Tudo aponta para o mesmo suspeito
Daniel Smith estava na casa de Bonnie Barker quando Amber ligou da casa da amiga no dia do desaparecimento. Logo após a ligação, Daniel deixou a residência Barker seguindo um caminho que provavelmente faria parte do trajeto de Amber na volta.
Debbie Barker, disse em 2013 que não acredita que Smith tenha sequestrado sua irmã. Ela relatou que outro homem era o responsável, mas não disse seu nome. Debbie tinha um filho com Daniel, hoje ela está casada novamente e leva uma vida normal.
Ela também sugeriu que o médico legista classificou incorretamente a morte de Daniel como suicídio, mas não deu mais detalhes. Ainda disse que, na época, deu um outro nome à polícia, mas que eles não levaram em consideração.
Os pais de Amber disseram, em 1997, que acreditavam que Daniel Smith não agiu sozinho ao sequestrar Amber. Eles tinham teorias de que o suspeito já havia planejado o crime há algum tempo.
Amber nunca voltou para casa
Após o desaparecimento de Amber, Bonnie Barker guardou os presentes de Natal da filha debaixo da árvore, esperando que ela voltasse para casa. Quando isso não aconteceu, ela decidiu se mudar do local. Bonnie Barker faleceu no ano de 2014.
Testes de DNA
Em 2015, um ano após o falecimento da mãe de Amber, o investigador principal do caso apresentou um mandado de busca, solicitando amostras de DNA do preso Forrest Jay Rice. Este teria sido o suposto nome que Debbie Barker deu a polícia na época do caso.
Forrest Jay Rice. / Foto: Reprodução.
Os técnicos do laboratório de DNA encontraram fibras azuis no casaco bege de Amber e o que parecia ser vômito. Os testes iniciais indicaram que também havia uma possível ejaculação no vômito.
O carro de Daniel Smith tinha bancos de tecido azul, carpete azul e um painel de vinil na mesma cor. A polícia também recuperou cabelos do lado do passageiro e do motorista do veículo.
Havia uma gota minúscula de sangue no sapato de Amber, mas as autoridades não conseguiram vinculá-la a uma pessoa específica. Em 1997, não era possível extrair um perfil de DNA, já que a tecnologia não existia.
Quinze anos depois, testes revelaram um perfil de DNA masculino parcial. Um programa de tv, relatou em um episódio transmitido em 2015, que Forrest Jay Rice admitiu à polícia que Daniel Smith estava em seu apartamento na noite em que Amber desapareceu e o que os dois passaram um tempo usando drogas naquele dia.
Ele também admitiu estar com Daniel Smith no dia em que ele cometeu suicídio. Forrest Jay Rice viveu em vários lugares, incluindo OKC, Moore e Guthrie. Ele, que também atende pelo nome de Steven Brent Henley, tinha 22 anos na época do desaparecimento.
O caso permanece até hoje sem solução, e as amostras de DNA, fibras nas roupas e cabelos coletados nunca puderam determinar o perfil do assassino.
Considerações finais sobre o caso
Algumas pessoas acreditam que o(s) sequestrador(es) de Amber tiraram suas roupas no carro e as jogaram pela janela. Então ela foi levada para outro local, possivelmente a residência de Smith ou Rice, e a estupraram antes de matá-la e se desfazer de seu corpo.
Sabemos que ela possivelmente foi violentada sexualmente, no mínimo, por causa da potencial ejaculação encontrada em seu casaco, juntamente com resíduos de vômito.
A polícia nunca encontrou suas calças e calcinhas, então é possível que o(s) assassino(s) as destruíram ou enterraram juntamente com o corpo porque provavelmente havia muito DNA nelas.
Sua bicicleta foi encontrada intacta perto de uma árvore, então seu sequestrador não a derrubou da bicicleta com seu veículo. Provavelmente ela mesma a estacionou ao encontrar com alguém conhecido.
Quanto ao suicídio de Daniel Smith, muitas pessoas não acreditam nesta teoria. É possível que ele tenha sido assassinado já que era envolvido com pequenos crimes e drogas, ou que até mesmo seu parceiro no sequestro de Amber tenha o executado na intenção de evitar que ele falasse algo para a polícia.
Curiosamente um caso com tanto material genético colhido na cena nunca foi capaz de apontar ou excluir com certeza um suspeito. É cruel pensar que Bonnie Barker, mãe de Amber, tenha falecido sem receber ao menos justiça para sua filha.