Eva Blanco Puig nasceu em 17 de fevereiro de 1981, na Espanha. Ela tinha 16 anos na época do caso.
No dia 19 de abril de 1997, à noite, Eva e amigos foram para uma discoteca na cidade de Algete, onde morava. Ela recém tinha acabado um namoro e queria espairecer. Eva permaneceu no local até 23h30, quando acompanhada de uma amiga seguiu trajeto a pé para casa.
A amiga a acompanhou até um terreno baldio, cerca de 600 metros da casa de Eva, antes de se separarem às 23h45. Era comum que os jovens atalhassem caminho através do terreno, e foi este caminho que ela fez, mas Eva Blanco nunca chegou em casa.
Eva não costumava dar problemas a seus pais e sempre era pontual com as combinações, naquele dia ficou estabelecido que ela voltaria para casa até 00h. Quando a mãe percebeu que a filha ainda não havia chegado, fez ligações para os amigos que disseram que Eva já tinha saído rumo a sua casa.
Ela alertou o marido, motorista de caminhão, que a procurou na cidade com a ajuda de seu sobrinho, um policial local e pai de um dos amigos de Eva. Após 1h de procura, o pai foi a uma delegacia e registrou o desaparecimento da filha.
Adolescente desaparecida
Os policiais não demonstraram interesse em registrar um desaparecimento depois de pouco mais de uma hora. O guarda na porta até disse que jovens da idade dela quase sempre estavam drogadas e ela provavelmente estaria caída em alguma calçada.
Nessa mesma madrugada o pai de Eva retornou a delegacia quinze vezes e criticou a instituição por não fazer buscas nas estradas rurais ou usar veículos na busca antes do nascer do sol.
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Corpo encontrado
O corpo de Eva Blanco foi encontrado no dia seguinte por dois homens, junto a um estaleiro de obras a 6km do local da festa.
As pessoas que estavam no local acreditaram que a garota teria sido vítima de atropelamento, mas logo ao chegar, os policiais perceberam diversos golpes de faca no corpo da vítima.
As facadas estavam localizadas nas costas da vítima, e tudo indicava que foi golpeada enquanto tentava fugir para longe de seu agressor.
O corpo estava vestido com a mesma calça jeans, blusa escura e botas que Eva Blanco estava usando quando desapareceu, com apenas uma manga de sua jaqueta retirada.
Supõe-se que tanto o assassino quanto a vítima chegaram à área em um carro, embora a chuva abundante na noite do assassinato tenha apagado todas as marcas de pneus e a maioria das outras evidências. Contudo, algumas pegadas da vítima e de um homem vestindo sapatos mocassim tamanho 42 ainda existiam.
Autópsia
Eva foi esfaqueada nas costas 19 vezes antes de morrer por hemorragia. A arma do crime era uma navaja de 8 a 10 cm de comprimento e 1 cm de largura. A primeira facada na lateral do corpo foi feita enquanto ela estava sentada em um veículo e o restante depois que ela saiu e tentou correr pela estrada.
Muitos desses ferimentos posteriores, principalmente encontrados na orelha e na nuca de Eva, eram superficiais e interpretados como apaixonados, enquanto o primeiro ferimento foi profundo e pode ter sido fatal mesmo na ausência de todos os outros.
O hímen de Eva foi rasgado e sêmen foi encontrado em sua boca, vagina e calcinha. Uma fibra vermelha também foi recuperada da boca da vítima, e posteriormente identificada como pertencente a um estofamento de carro, confirmando a teoria de que ela estava em um veículo.
Investigação
Como o corpo foi encontrado vestido e não apresentava sinais prévios de violência, a polícia acreditava que o sexo havia sido consensual e que o assassinato foi resultado de uma discussão após o ato. A família da vítima não acreditava nessa teoria.
O primeiro suspeito era o ex-namorado de Blanco, um morador de Fuente el Saz que havia acabado de terminar com ela, mas logo sua participação foi descartada.
Respostas começam a surgir
No ano de 2007, um perito reexaminou a evidência de DNA encontrada no corpo de Eva Blanco e concluiu que pertencia a um homem não descendente de europeus.
Em 26 de abril de 2013, um programa investigativo trasmitiu o caso de Eva e logo em seguida uma mulher entrou em contato com a emissora para fazer um relato. Ela disse às autoridades que havia visto um homem suspeito no canteiro de obras por volta das 8h na manhã em que o corpo de Eva foi encontrado.
Ele andava na chuva sem guarda-chuva, parecia que não tinha dormido durante a noite, e estava procurando algo antes de entrar em um Renault 18 branco.
A polícia considerou o depoimento confiável, em parte porque um Renault 18 havia sido relatado por outras testemunhas ao longo dos anos e o modelo era compatível com a fibra recuperada do corpo de Blanco.
Perfil de DNA aponta suspeito
No final de 2013, uma nova revisão do DNA do sêmen apontou para um homem de ascendência norte-africana. A polícia solicitou aos 300 homens norte-africanos residentes em Algete em 1997 que fornecessem amostras voluntárias.
Fouad Chelh, um ex-morador do bairro de Blanco que agora vive no sul da França, compartilhou seu cromossomo Y e mais de 97% de seu DNA nuclear com o assassino.
Isso só era possível se ambos os homens fossem irmãos. Após a amostra de outro irmão de Fouad Chelh que nunca tinha residido em Algete dar resultado idêntico, foi emitido um mandado de prisão para o terceiro irmão, Ahmed Chelh Gerj.
Ahmed Chelh Gerj
Quando informado sobre a evidência de DNA, Ahmed Chelh Gerj afirmou que havia saído para passear sozinho e que dois homens não identificados o agarraram, o levaram ao corpo de Eva e o forçaram a se masturbar sobre ele.
Sua ex-mulher, no entanto, contou aos jornalistas que ele havia saído na companhia dos irmãos naquela noite. Ela alegou que ninguém nunca lhe contou sobre aquela noite até depois da prisão de Ahmed, quando um irmão disse que eles estavam na mesma discoteca que Eva, e que conversaram com ela depois que ela discutiu com seu ex-namorado.
Eva Blanco saiu da discoteca com os irmãos, mas voltou para dentro com amigos por volta das 23h. A ex-mulher de Ahmed também alegou que a polícia nunca interrogou a ela ou aos irmãos.
Uma confissão através de suicídio
Em 5 de outubro, Ahmed tentou sem sucesso cortar sua veia jugular com um pequeno copo em sua cela, mas aceitou ser deportado para a Espanha para julgamento.
O advogado do suspeito argumentou que não haviam provas ligando seu cliente ao crime além do DNA, e que tudo indicava que Eva teria entrado no carro e tido relações sexuais por vontade própria.
Como resultado, não fazia sentido acusar Ahmed de estupro ou acreditar que Eva teria concordado em entrar no carro de um estranho.
Na próxima audiência em 15 de janeiro, Ahmed afirmou que duas pessoas o forçaram a entrar em um carro e o ameaçaram com uma navaja para fazê-lo ejacular sobre Eva, que estava viva dentro do veículo.
Ele insistiu que nunca a penetrou, mas quando perguntado por que seu sêmen foi encontrado dentro do corpo, não soube responder.
No dia 29 de Janeiro de 2016, Ahmed Chelh Gerj foi encontrado morto em sua cela, tendo se enforcado com lençois. A acusação foi formalmente encerrada em 15 de fevereiro e o assassino nunca cumpriu sua pena.