Alyssa Dailene Bustamante nasceu em 28 de janeiro de 1994 em Cole County, Missouri, EUA. Ela e os dois irmãos menores foram criados pelos avós, já que sua mãe tinha problemas com drogas e seu pai estava preso por agressão.
Brincando na floresta
Em 21 de outubro de 2009, por volta das 17h, a família Olten estava reunida em casa e Patricia Preiss estava preparando o jantar para sua família. A campainha toca e era Emma, uma menina de 6 anos que costumava brincar com Elizabeth Olten.
As duas famílias eram vizinhas, mas era necessário cruzar pela floresta para ir de uma casa a outra. Na ocasião, Emma queria convidar Elizabeth para brincar, a mãe negou mas após muita insistência da filha disse que elas poderiam ir mas a garota deveria estar de volta em uma hora.
Elizabeth era três anos mais nova que Emma, o que não parecia afetar o relacionamento das duas já que elas brincavam e passavam muito tempo juntas. Apesar da floresta densa, era comum que as crianças brincassem nos arredores e o local parecia ser seguro.
Desaparecimento
O combinado era que Elizabeth retornasse até 18h. Quando isso não aconteceu, Patricia ficou irritada e ligou para casa de Emma. Durante a ligação, a mãe descobriu que Elizabeth nem sequer tinha ido lá e rapidamente a fúria transformou-se em preocupação.1
A polícia foi acionada, verificou as casas vizinhas e decidiu começar uma busca nos arredores da floresta. Por volta das 22h nada havia sido encontrado, foi aí que os esforços se intensificaram contando com a ajuda dos bombeiros e membros da comunidade local.
A empresa responsável pela linha de celular de Elizabeth conseguiu confirmar que o seu celular não havia saído da região através de três registros de torres de telefonia. Os três mostravam que Elizabeth se movimentou pela região da floresta, mas não excedendo o perímetro entre uma casa e outra.
Cerca de 24h depois do desaparecimento, ainda sem respostas, a polícia voltou sua atenção para a última pessoa que esteve com Elizabeth. Prontamente a pequena Emma disse aos policiais que se despediu da amiga e a viu pela última vez caminhando em direção à sua casa.
Quando os entrevistadores pediram para que ela recontasse a história, Emma começou a mudar sua versão e acrescentou detalhes: “Elizabeth ficou presa em um arbusto, ela começou a gritar para Alyssa ajudá-la.”
Adolescência problemática
Os avós de Alyssa ofereciam um lar estável para ela e os irmãos. A prisão do pai e a ausência da mãe causaram uma ferida grande, algo que ela tentava esconder de todos.
Alyssa frequentemente fazia cortes em seus braços, e no ano de 2007 ela tentou suicídio precisando ficar internada por dez dias em um hospital psiquiátrico. A garota seguiu tomando antidepressivos, mas continuou fazendo pequenos machucados nos punhos, algo que ela mostrava aos amigos como troféus.
Suspeita improvável, será?
Alyssa Bustamante não era considerada uma suspeita em potencial, mas como Emma disse que Elizabeth havia chamado por ela foi necessário uma entrevista. Alyssa admitiu que naquele dia faltou à escola, mas negou saber o paradeiro da menina desaparecida.
No quintal da casa dos avós havia uma cova rasa, isso chamou atenção da polícia. Alyssa disse que gostava de enterrar animais mortos que ela encontrava na floresta e de fato, após a verificação, não havia restos humanos no local.
Um mandado de busca foi expedido para casa de Alyssa, sustentado pelo fato de que esta seria a última residência onde Elizabeth esteve. A casa parecia normal e bastante familiar, mas o quarto de Alyssa destoava dos outros ambientes.
A garota escrevia frases e poemas nas paredes, todos com assuntos relacionados a dor, morte e sangue. Em alguns trechos ela usava seu próprio sangue como tinta e descrevia sentimentos confusos de solidão e tristeza.
Também foram encontradas cartas da prisão, onde o remetente era seu próprio pai. Os avós afirmaram que não sabiam que Alyssa estava mantendo contato com ele.
As coisas realmente se tornaram graves quando a polícia encontrou os diários de Alyssa. Ela escrevia coisas pesadas como colocar fogo em casas com pessoas dentro. Havia um trecho escrito datado do dia do desaparecimento de Elizabeth, mas Alyssa havia passado caneta para que não pudesse ser entendido.
Apenas duas palavras puderam ser decifradas no primeiro momento: “cortar” e “garganta”. Até o presente momento isso não fazia tanto sentido, mas era suficiente para conduzir um interrogatório oficial onde Alyssa se tornava uma pessoa de interesse.
Interrogatório
O interrogatório de Alyssa manteve uma metodologia conhecida pela polícia, onde o entrevistador conduz as perguntas de maneira lenta, realizando pausas longas de até 60 segundos após a resposta do entrevistado.
Isso parecia deixar Alyssa desconfortável e cada vez mais nervosa. A linguagem corporal da menina mostrava o quanto estava estressada e isso a deixaria propícia a falar a verdade.
Ao perceber isso, o entrevistador juvenil conta a Alyssa que a polícia havia recuperado seu diário e que eles sabiam o que ela havia escrito no dia em que Elizabeth desapareceu. Ela sabia que tudo já não era mais um segredo.
A primeira versão dada por Alyssa sugeria que ela e Elizabeth estavam caminhando juntas, a pequena menina tropeçou em uma pedra, caiu, bateu a cabeça e morreu instantaneamente.
O investigador disse à Alyssa que se essa fosse a versão verdadeira, a autópsia não iria encontrar outros ferimentos como por exemplo um “corte na garganta”. Nesse momento a expressão de Alyssa mudou e ela decidiu falar a verdade. A avó ficou desesperada e precisou sair da sala, e nesse momento ela disse onde estava o corpo da vítima.
Atraída para morte
No dia do desaparecimento, Alyssa havia pedido que Emma buscasse Elizabeth para que todas brincassem juntas. Assim que as duas meninas chegaram, Alyssa ordenou que Emma voltasse para casa e seguiu caminhando com Elizabeth em direção à floresta dizendo que precisava mostrar algo interessante a ela.
Alyssa carregava uma faca de cozinha escondida e caminhava em direção a uma cova rasa que havia sido cavada por ela cinco dias antes. Quando elas chegaram ao local, Alyssa começou a estrangular Elizabeth e em seguida esfaqueou seu peito cerca de 5 ou 6 vezes seguidas, e por fim cortou sua garganta.3
Quando as autoridades chegaram ao local indicado por Alyssa, era possível perceber que o corpo estava ali sem nem mesmo remexer a terra. O buraco era tão raso que partes do corpo de Elizabeth ficaram à mostra mesmo coberto por terra e folhas.
A autópsia foi capaz de comprovar a história de Alyssa e a polícia pôde revelar o trecho completo escrito no seu diário no dia da morte.
Eu acabei de matar alguém, eu a estrangulei, cortei sua garganta e a esfaqueei. Agora ela está morta e eu não sei como me sentir, foi incrível! Assim que você supera a sensação de “oh meu deus eu não posso fazer isso” é muito agradável. Apesar disso estou meio nervosa e trêmula agora. Ok, eu tenho que ir pra igreja. LOL!
Trecho do diário de Alyssa Bustamante recuperado pela polícia.
Ela então compareceu a um baile na igreja local de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias enquanto a polícia procurava Elizabeth Olten.
Julgamento
Alyssa havia premeditado o crime, e a promotoria possuía indícios suficientes para acreditar nisso já que ela usou a irmã para atrair sua vítima e a cova já estava preparada dias antes. O tribunal decidiu julgá-la como adulta, apesar de ter apenas 15 anos de idade.4
Alyssa Bustamante compareceu pela primeira vez ao tribunal em 17 de novembro de 2009, onde se declarou inocente e foi indiciada por homicídio em primeiro grau e ação criminosa armada (devido ao uso de faca no homicídio).5
Poucas semanas depois, ela foi condenada à prisão perpétua com possibilidade de liberdade condicional e a uma pena consecutiva de 30 anos.
Alyssa foi atendida por vários profissionais de saúde mental, que testemunharam que ela tem transtorno depressivo maior e transtorno de personalidade limítrofe.
Atualmente, Alyssa tem 29 anos de idade e permanece encarcerada no Centro Correcional de Chillicothe em Ohio, EUA.