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Luigi Mangione: O “mártir” americano

Um crime impactante, transmitido ao vivo pelas câmeras, colocou em evidência a figura de um homem até então anônimo. Durante um confronto explosivo, ele tirou a vida de um executivo de uma seguradora de saúde, em um ato que muitos consideram um grito de revolta contra as injustiças sociais.

Luigi Mangione foi preso nessa sob suspeita de ter assassinado o CEO de uma empresa de saúde privada, a United Healthcare (UHC). E desde então, seu nome e o seu rosto tomaram a internet e a reação inicial da galera foi achar ele bonito e fazer brincadeira com isso.

O assunto foi crescendo e essa discussão chegou a transformar o Luigi numa espécie de Robin Hood moderno. Ele sacrificou tudo que tinha para “supostamente” assassinar o CEO de uma empresa bilionária que já lucrou muito em cima da saúde das pessoas.

O CEO da empresa United Healthcare, um cara chamado Brian Thompson foi assassinado com tiros em Nova York. Brian trabalhava dentro dessa empresa de saúde há 20 anos e ele estava na área dos seguros de saúde desde 2021.

Antes disso ele tinha trabalhado em diversos outros braços da empresa como, por exemplo, a parte que cuida das aposentadorias dos clientes. Esse crime parou os Estados Unidos porque a United Healthcare é uma empresa bem relevante dentro desse segmento e atende quase 50 milhões de americanos.

Bom, caso você não saiba, a saúde nos EUA move muito dinheiro. Lá não existe SUS igual aqui no Brasil e o povo gasta praticamente tudo com o que tem quando fica doente. E quando eu digo “TUDO”, é tudo mesmo, muitas pessoas hipotecam suas casas e adquirem empréstimos astronômicos para pagar contas médicas.

A estimativa é que só no ano passado, Brian Thompson tenha gerado uma receita de 300 Bilhões de Dólares para United Healthcare. Sejamos honestos, isso é muito dinheiro! Brian fazia isso somente no seu setor, ou seja, o faturamento total da empresa era pelo menos o dobro disso.

Esse é um assunto polêmico por si só. Essas empresas ficam bilionárias na medida que os americanos ficam endividados por não terem acesso à saúde gratuita.

A problemática é bem complexa e também pauta de promessa política há anos. Não é difícil encontrar notícias de gente que tirou a própria vida porque não consegue pagar as dívidas que tem com planos de saúde.

Disparos a céu aberto

Imagens de câmeras de segurança mostravam um rapaz com capuz e máscara como sendo o responsável pelos disparos do lado de fora do hotel Hilton em Midtown Manhattan, que atingiram a perna e as costas do CEO.

Nas balas utilizadas o suspeito escreveu três palavras “delay” (atrasar), “deny” (negar) e “defend” (defender).

Essas três palavras fazem referência ao título do livro “Delay Deny Defend” escrito por Jay M. Feinman em 2010 que critica o setor de seguros de saúde nos Estados Unidos.

Essas palavras formam uma tática massiva das empresas para não prestar o serviço que elas deveriam entregar ao cliente. Você liga pro seu seguro de saúde reclamando de alguma coisa e eles vão negar, atrasar ou defender, se utilizando disso para não cumprir o serviço.

Ficou óbvio, somente pelo uso das palavras nas balas do crime, que o motivo do crime seria alguma aversão ao sistema de saúde. Alguém que escreve coisa numa bala de arma, com certeza, quer passar alguma mensagem.

Depois do crime, Luigi teria fugido de bicicleta e desaparecido no meio do Central Park. Em seguida ele pegou um ônibus para Pensilvânia como mostram as imagens.

Ele até conseguiu desaparecer por um tempo, mas foi reconhecido por uma atendente do McDonald’s que fez a denúncia e chamou a polícia. Ele foi detido sob acusações de falsidade ideológica, porque estava usando um documento falso e por porte ilegal de arma.

Inclusive a polícia chamou a arma do Luigi de uma “arma fantasma”, já que era uma pistola feita por impressora 3D. Aí podemos ver a tecnologia nua e crua no mundo dos crimes…

Histórico do caso

Ele ainda não foi acusado de homicídio no momento da prisão, sendo levado para interrogatório, já que era “uma pessoa de interesse”.

Com a prisão, as fotos do Luigi se espalharam na internet e a população americana veio a loucura. Primeiro pela aparência de Luigi: um rapaz jovem, bonito, atlético e com um longo currículo acadêmico, isso sem falar de sua forte presença nas redes sociais.

Ele era ativo no Twitter, Instagram e ainda compartilhava suas leituras em uma rede social de livros. Rapidamente todos queriam saber mais sobre o jovem com um futuro promissor que arriscou tudo que tinha para matar um CEO bilionário.

Luigi ainda não foi condenado, mas muitas pessoas começaram a suspeitar que o autor do disparos podia ser alguém que teve tratamento negado pelo plano de saúde.

Mangione tem uma lesão crônica na coluna que atrapalha alguns afazeres da vida cotidiana, mas pensar nisso como motivação do crime me parece um tanto contraditório já que Luigi é descendente de um império milionário.

Entre as propriedades dos “Mangiones” estão country clubs, casas de repouso, estações de rádio, campos de golfe, hotéis, resorts e uma fundação. Literalmente, dinheiro não era o problema!

Ele se formou com honras no colegial e depois foi para uma das faculdades mais prestigiadas dos Estados Unidos. Se formou em Ciência da Computação e fez mestrado em Engenharia e Ciência da computação com ênfase em Inteligência Artificial.

Não precisava muito para que ele virasse um bilionário e vivesse uma vida de luxo. Esse choque de realidade entre o caso, o suspeito e seu histórico foi o que mais intrigou não só os americanos, mas o mundo todo.

Manifesto

No momento da prisão, Luigi tinha com ele um Manifesto de três páginas declarando o que “poderia” ter sido o motivo do crime. De acordo com a polícia novaiorquina o conteúdo desse texto era uma crítica ao sistema de saúde americano.

Os trechos divulgados incluíam frases como “eu peço desculpas por qualquer conflito ou trauma mas isso precisava ser feito”, “sinceramente esses parasitas mereciam isso”.

A frustração de Luigi com o sistema de saúde, exposta de maneira brutal para a sociedade atraiu um público muito forte, ou melhor, uma legião de fãs.

Muita gente também odeia essas empresas, e isso despertou um medo geral entre os empresários americanos do ramo.

Você que conhece bastante sobre casos criminais, sabe que é comum surgirem os chamados “imitadores”. Pois bem, a polícia teme que Luigi Mangioni tenha alguns imitadores nas próximas semanas…

O primeiro impacto disso já pode ser visto na internet. Luigi ganhou milhares de seguidores em suas redes e até uma vaquinha foi organizada para pagar fiança, advogado e custas processuais.

Para a maioria da população, o crime cometido por Luigi parece “bem-intencionado”, apesar de hediondo. Apoiadores estão até vendendo bonés e camisetas com o rosto do mártir americano.

Contato com a imprensa

A primeira aparição de Luigi após sua prisão também foi bem impactante. A polícia estava levando ele para dentro do prédio para uma audiência sobre a sua extradição.

Ele foi preso na Pensilvânia, mas deve ser julgado em Nova Iorque, palco do crime.

Quando Luigi virou pra imprensa e gritou sobre estar “completamente sem contato”, e isso ser um insulto à inteligência do povo americano e a sua experiência de vida de acordo com o advogado do acusado, a mídia foi a loucura.

Esses gritos foram porque ele ainda estava sem representante legal naquele momento, então foi uma espécie de revolta contra o sistema.

Um canal de televisão americano, conseguiu microfonar bem próximo a cerca da prisão e obter áudios dos presos que gritaram afirmando que Luigi não está sendo bem tratado lá dentro pelos carcereiros.

Ao longo do processo, pode ser que Luigi seja proibido de receber qualquer centavo de sua herança pela lei. Diante disso, ter o apoio de diversas populações parece ser bem interessante.

Outra coisa intrigante era que Luigi estava incomunicável há algum tempo. Na verdade os últimos seis meses são uma lacuna na vida do Luigi. O sumiço do jovem coincide mais ou menos com o período em que ele começou a tratar a lesão na coluna.

Obviamente esse foi um crime premeditado, e arrisco dizer que Luigi vinha trabalhando nisso há bastante tempo. De amigos e familiares, só se ouviram coisas ótimas sobre ele, como “a alma da festa”, “sempre brincando sempre se comunicando com todos”, “extremamente inteligente e dedicado”

De fato alguma coisa aconteceu nesses últimos tempos para levar Luigi a arriscar tudo que ele tinha para supostamente cometer esse crime. E ainda tem muita água para rolar envolvendo esse caso.

Repercussão

Uma mulher da Flórida foi presa dias atrás porque ela ligou pra sua empresa de saúde, e quando teve o seu pedido negado pela atendente ela teria ameaçado a empresa e dito o seguinte: atrasar, negar e defender, vocês são os próximos!

Ela se inspirou naquelas três palavrinhas que o Luigi teria usado nas balas do crime e fez uma ameaça contra outra empresa.

Conclusão

E pra fechar esse caso (temporariamente), sabemos que Luigi Mangione anda ofuscando a atenção recebida por P. Diddy no presídio. Fontes afirmaram ao jornal americano que o músico está “fazendo pirraça” ao ver que o rapaz está recebendo muita atenção e sendo tratado como herói no presídio.

“Diddy tem demonstrado crises de raiva porque Luigi está atraindo toda a atenção na prisão e sendo tratado como um herói, mesmo após ter assassinado alguém diante das câmeras”, afirmou uma fonte anônima.

Ele está isolado da população geral do presídio, mas tem recebido várias informações de outros detentos que também enfrentaram problemas com seguradoras de saúde.

Tanto Diddy quanto Luigi Mangione são defendidos pelo mesmo time de advogados, mas nunca tiveram contato um com o outro.

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