Era uma manhã tranquila em Goiânia, 17 de dezembro de 2023. O sol surgia lentamente, banhando as ruas do bairro onde Leonardo Pereira Alves residia. Para muitos, um domingo como outro qualquer, mas para Leonardo e sua família, seria uma manhã que marcaria tragicamente suas vidas para sempre.
Leonardo, de 54 anos, era um homem conhecido pela generosidade e pelo espírito acolhedor. Ao abrir a porta naquela manhã, ele não esperava nada além de um encontro familiar. Amanda Partata, a ex-namorada de seu filho, estava ali, trazendo quitutes e sucos para um café da manhã. Era um gesto aparentemente inocente, mas carregado de intenções ocultas. Amanda, uma mulher de 31 anos, tinha um plano que mudaria para sempre os rumos daquela família.
A Chegada de Amanda
Amanda chegou cedo, um pouco antes das oito horas. Vestida de forma discreta, trazia um sorriso que disfarçava a tensão interna. Ela carregava uma cesta de pães caseiros, bolos e pequenos potes de suco. A cesta estava embrulhada em um tecido decorado, e o aroma que exalava era irresistível. Leonardo, com sua hospitalidade habitual, recebeu Amanda sem hesitar. Apesar de saber que o relacionamento dela com seu filho havia terminado de forma tumultuada, ele acreditava que aquele café da manhã era um gesto de reconciliação.
Amanda se dirigiu à cozinha, onde organizou os alimentos sobre a mesa. Enquanto isso, Leonardo chamou os outros membros da família: sua esposa, Marta, e sua filha caçula, Clara, de 16 anos. O clima parecia amigável, e Amanda mantinha um tom de conversa leve, falando sobre trivialidades e evitando qualquer menção ao relacionamento passado.
Porém, enquanto se movimentava pela cozinha, Amanda demonstrava uma calma inquietante. Seus gestos eram calculados, e seus olhos constantemente avaliavam o ambiente. Ninguém percebeu quando ela discretamente retirou pequenos frascos de sua bolsa. Esses frascos continham substâncias que ela havia planejado usar para envenenar os alimentos.
Amanda aproveitou um momento em que todos estavam distraídos. Marta e Clara conversavam na sala, enquanto Leonardo atendia a uma ligação telefônica. Rápida e silenciosamente, Amanda abriu os frascos e adicionou as substâncias aos sucos. Ela misturou os líquidos com cuidado, garantindo que ninguém percebesse. Os movimentos eram práticos, quase automáticos, como se já tivessem sido ensaiados.
A escolha dos sucos não foi aleatória. Amanda sabia que todos ali adoravam as bebidas naturais. Além disso, ela colocou pequenas doses do veneno nos pães e bolos, disfarçando ainda mais a presença das substâncias. Quando terminou, ela se juntou à família na sala, mantendo a conversa em um tom descontraído.
Café da Manhã
Por volta das 8h30, todos se sentaram à mesa. Leonardo, sempre cordial, serviu os sucos em copos altos, elogiando Amanda pelo gesto gentil. Marta e Clara também agradeceram, sem desconfiar de nada. A primeira rodada de sucos foi servida, seguida pelos pães e bolos que estavam cuidadosamente dispostos.
Amanda observava atentamente cada movimento. Ela sorria enquanto os membros da família provavam os alimentos e bebidas. A cada gole, a tensão em seus ombros parecia aliviar. Ela sabia que o veneno levaria algum tempo para fazer efeito, mas confiava que a dose era suficiente para atingir seu objetivo.
Não demorou muito para que os primeiros sintomas surgissem. Clara foi a primeira a sentir algo estranho. Ela comentou que estava com uma leve tontura e que sua boca tinha um gosto amargo. Marta, preocupada, perguntou se ela estava bem, mas antes que pudesse terminar a frase, também começou a sentir náuseas.
Leonardo, percebendo a situação, tentou se levantar, mas sentiu as pernas fraquejarem. O desconforto aumentava rapidamente, e todos na mesa começaram a apresentar sinais de envenenamento. Marta tentou alcançar o telefone para pedir ajuda, mas desmaiou antes de conseguir.
Amanda permaneceu em seu lugar, observando a cena com uma expressão indecifrável. Ela parecia estar em transe, como se estivesse absorvendo cada detalhe do que acontecia ao seu redor. Quando finalmente se levantou, foi para recolher os copos e apagar qualquer indício de que o envenenamento havia sido intencional.
A Descoberta
Enquanto Amanda tentava organizar a cena, um vizinho que passava em frente à casa ouviu sons estranhos. Eram gemidos baixos e um barulho de algo caindo. Preocupado, ele chamou a polícia. Os agentes chegaram rapidamente e, ao entrarem na casa, se depararam com uma cena devastadora.
Leonardo estava caído próximo à mesa, Marta estava inconsciente no chão da cozinha, e Clara jazia sobre o sofá da sala. Amanda foi encontrada sentada à mesa, com as mãos tremendo levemente. Quando questionada, ela disse que não sabia o que havia acontecido e alegou que todos começaram a passar mal repentinamente.
Cena do Crime
Os policiais imediatamente chamaram uma ambulância e isolaram a área. Enquanto os paramédicos trabalhavam para estabilizar Marta e Clara, os agentes começaram a investigar a cena. A organização meticulosa dos alimentos chamou a atenção, assim como os copos de suco parcialmente consumidos. Os policiais também notaram o comportamento de Amanda: ela parecia calma demais para alguém que estava em meio a uma situação tão caótica.
Quando questionada pela primeira vez, Amanda repetiu que não sabia o que havia acontecido. Disse que estava na cozinha quando os outros começaram a passar mal. No entanto, detalhes em seu depoimento não batiam. Por exemplo, ela não conseguiu explicar por que havia rastros de suco no pano da cesta que trouxera. Esse detalhe seria fundamental para levantar suspeitas contra ela.
Marta e Clara foram levadas às pressas para o hospital, enquanto Leonardo foi declarado morto no local. A perda de um membro da família foi devastadora, mas também gerou uma necessidade urgente de respostas. A polícia começou a coletar evidências imediatamente, incluindo amostras dos alimentos e bebidas.
Amanda foi levada para a delegacia para prestar depoimento formal. Durante o interrogatório, sua história começou a se contradizer. Ela alegou que os alimentos e sucos eram caseiros, preparados por ela mesma, mas não conseguiu explicar com clareza os ingredientes utilizados. Além disso, sua aparente calma contrastava com a gravidade da situação.
A Revelação do Veneno
As análises preliminares realizadas no hospital revelaram a presença de substâncias tóxicas nos corpos das vítimas. Os sintomas apresentados eram consistentes com envenenamento por um composto químico encontrado em pesticidas. Essa descoberta mudou o rumo das investigações e colocou Amanda como a principal suspeita.
Na delegacia, os investigadores pressionaram Amanda com as evidências. Ela manteve a calma, mas começou a demonstrar sinais de nervosismo quando confrontada com os resultados das análises. Em um momento crucial do interrogatório, um dos agentes mencionou que os frascos usados para armazenar o veneno haviam sido encontrados na lata de lixo próxima à cozinha.
Amanda, então, tentou mudar sua narrativa. Alegou que os frascos não eram dela e que poderiam ter sido deixados por outra pessoa. No entanto, as impressões digitais encontradas nos recipientes eram suas, consolidando as suspeitas contra ela.
Por volta do meio-dia, Amanda foi formalmente presa sob a acusação de homicídio e tentativa de homicídio. O restante da família estava em condição crítica no hospital, e a tragédia havia deixado uma marca permanente na vizinhança e na cidade.
A manhã do crime foi apenas o início de uma série de desdobramentos que levariam à compreensão completa dos eventos e à busca por justiça. No entanto, naquele momento, a maior pergunta permanecia: o que poderia levar uma pessoa a cometer um ato tão cruel contra aqueles que um dia a acolheram?
O Passado de Amanda
Amanda Partata, de 31 anos, sempre foi descrita como uma mulher de personalidade intensa e ambiciosa. Cresceu em um bairro de classe média em Goiânia, em uma família que lutava para se manter financeiramente estável. Filha única, Amanda demonstrou desde cedo um comportamento que os professores classificavam como “determinado”, mas que, em retrospecto, muitos enxergariam como manipulador e obsessivo.
Na escola, Amanda era uma aluna mediana, mas se destacava por sua habilidade de influenciar colegas e professores. Era comum que ela convencesse outros alunos a fazerem favores para ela, desde compartilhar o lanche até ajudar em tarefas escolares. Uma ex-colega de infância lembrou, em entrevista posterior, que Amanda sempre parecia “planejar dois passos à frente”.
Sua relação com os pais era tensa. O pai, um motorista de caminhão, passava longos períodos fora de casa, enquanto a mãe, uma dona de casa, tentava equilibrar as demandas emocionais da filha. Há relatos de que Amanda frequentemente mentia para escapar de punições ou para conseguir o que queria. Um episódio marcante envolveu uma falsa acusação contra uma vizinha, que Amanda disse ter roubado seu brinquedo favorito. Apenas anos depois a verdade foi revelada: ela havia perdido o brinquedo e inventado a história para chamar atenção.
A Busca por Controle
Durante a adolescência, Amanda começou a mostrar sinais mais claros de comportamento possessivo. Relacionamentos com amigos frequentemente terminavam em conflitos, e ela tinha dificuldade em aceitar rejeições ou críticas. Uma ex-amiga relatou que Amanda, ao ser excluída de uma festa, espalhou boatos destrutivos sobre o grupo que a havia deixado de fora. “Era como se ela precisasse se vingar de qualquer um que a contrariasse”, disse a amiga.
No ensino médio, Amanda também começou a desenvolver uma habilidade peculiar para manipular situações a seu favor. Ela se voluntariava para projetos em grupo, mas frequentemente atribuía a si mesma o mérito pelo trabalho alheio. Professores que tentavam confrontá-la eram recebidos com choros ou justificativas elaboradas que acabavam por desviar a atenção do problema.
Foi também nessa época que surgiram os primeiros relatos de seu interesse por substâncias químicas. Em uma feira de ciências, Amanda apresentou um experimento sobre reações químicas entre substâncias domésticas. Embora o trabalho fosse simples, seus colegas lembram que ela parecia fascinada pelo impacto que pequenas quantidades de químicos podiam ter.
A Fase Universitária e as Primeiras Relações
Amanda ingressou em um curso de Direito em uma faculdade privada, mas seu interesse por Psicologia também era evidente. Frequentemente, dizia aos amigos que entendia as “mentes humanas” melhor do que qualquer professor. Alguns colegas a admiravam por sua autoconfiança, enquanto outros a consideravam arrogante.
Foi na universidade que Amanda teve seus primeiros relacionamentos românticos significativos. O primeiro namorado, Pedro, descreveu a relação como intensa e, por vezes, sufocante. “Ela tinha que saber onde eu estava o tempo todo. Se eu demorasse a responder, ela fazia drama ou ameaçava terminar”, relatou Pedro em uma entrevista após o crime.
Um segundo relacionamento, com um colega chamado Marcelo, terminou de forma ainda mais conturbada. Marcelo contou que Amanda era extremamente ciumenta e controladora, chegando a manipular situações para afastá-lo de amigas e familiares. Em uma ocasião, ela espalhou rumores de que Marcelo a traía, levando o jovem a se isolar socialmente. “Era como se ela quisesse ser a única pessoa na minha vida”, disse ele.
Durante a faculdade, Amanda começou a se interessar por substâncias químicas de forma mais profunda. Ela frequentemente fazia perguntas detalhadas a colegas de cursos de Ciências Biológicas e Farmácia sobre compostos que poderiam ser usados para “desacelerar” ou “paralisar” processos biológicos. Um colega relatou que Amanda parecia fascinada por como certas substâncias podiam passar despercebidas quando usadas em pequenas doses.
Esse interesse culminou em uma situação perturbadora. Em uma festa universitária, Amanda ofereceu bebidas a um grupo de amigos. Pouco depois, alguns começaram a se sentir mal, apresentando tonturas e náuseas. Embora nada tenha sido provado, muitos desconfiaram que Amanda pudesse ter colocado algo nas bebidas. “Ela parecia estranhamente satisfeita enquanto todos passavam mal”, disse uma das participantes.
O Relacionamento com o Filho de Leonardo
Anos depois, Amanda conheceu o filho de Leonardo Pereira Alves, um médico com quem iniciou um relacionamento que, segundo conhecidos, era repleto de altos e baixos. Inicialmente, a família de Leonardo acreditava que Amanda era uma mulher esforçada e carinhosa, mas com o tempo, sinais de comportamento possessivo e manipulador ficaram evidentes.
O jovem, que preferiu manter o anonimato, descreveu Amanda como extremamente ciumenta e paranoica. “Ela tinha acessos de raiva sem motivo aparente. Se eu saísse com amigos ou demorasse para responder mensagens, ela surtava. Muitas vezes eu me sentia preso, como se tudo girasse em torno dela”, contou.
Os Meses que Precederam o Crime
Após o término, Amanda pareceu se tornar mais instável. Ela enviava mensagens constantes ao ex-namorado e à família dele, variando entre pedidos de reconciliação e ameaças veladas. Algumas mensagens sugeriam que ela “não deixaria as coisas terminarem assim”. A família começou a evitá-la, mas Amanda continuava a encontrar formas de se aproximar.
Nesse período, ela também começou a frequentar farmácias e lojas especializadas em produtos químicos. Registros posteriores mostraram que Amanda adquiriu pequenas quantidades de substâncias usadas em pesticidas, as mesmas que seriam detectadas no crime.
Uma ex-colega de trabalho relatou que Amanda parecia cada vez mais obcecada por vingança. “Ela falava que queria ensinar uma lição a quem a machucasse. Na época, achei que fosse apenas um desabafo, mas agora vejo que era algo muito mais profundo.”
Motivo
Amanda era articulada, apresentava-se como uma mulher educada e bem-sucedida, e parecia ser uma parceira adequada para o jovem. No entanto, conforme o relacionamento avançava, surgiam sinais de que as intenções de Amanda iam além de uma relação amorosa.
O filho de Leonardo começou a perceber comportamentos preocupantes em Amanda. Ela exigia controle total sobre suas ações, isolando-o de amigos e familiares. O ciúme era constante, e discussões sobre a lealdade do jovem tornaram-se frequentes. Para Amanda, o relacionamento não era apenas uma conexão emocional, mas também uma forma de afirmação de poder.
Quando o relacionamento chegou ao fim, Amanda não aceitou a rejeição. Seu mundo, construído em torno da ideia de controle e dominação, foi abalado. O rompimento desencadeou nela um desejo obsessivo de vingança, que seria alimentado por semanas de pensamentos sombrios e um plano cuidadosamente elaborado.
A Mentira da Gravidez
Pouco antes do término, Amanda anunciou que estava grávida. Para a família Alves, essa notícia foi recebida com misto de surpresa e esperança. Apesar dos conflitos, a ideia de um neto trouxe uma possibilidade de união. No entanto, a gravidez foi desmascarada como uma mentira quando o filho de Leonardo insistiu em acompanhá-la a uma consulta médica.
A descoberta da falsidade foi um ponto de ruptura. Amanda foi confrontada, e o relacionamento chegou ao fim de forma definitiva. Para ela, essa revelação não apenas destruiu suas chances de manipular o ex-namorado, mas também expôs sua fragilidade emocional perante a família dele.
A mentira da gravidez, que inicialmente parecia ser apenas mais uma ferramenta de controle, tornou-se um catalisador para a violência. Sentindo-se humilhada e rejeitada, Amanda passou a ver a família Alves como um obstáculo que precisava ser eliminado. Para ela, a rejeição não poderia ser o fim – deveria haver consequências.
Um Desejo de Marcar para Sempre
Especialistas em comportamento humano que analisaram o caso apontaram que Amanda tinha um perfil narcisista com traços de comportamento obsessivo. Para pessoas com esse perfil, o desejo de controle é tão importante quanto a necessidade de validação. Quando ambas são ameaçadas, a reação pode ser destrutiva.
Amanda queria garantir que sua presença fosse lembrada. A ideia de simplesmente desaparecer da vida do ex-namorado era insuportável. Ela queria transformar a rejeição em um evento memorável, algo que deixasse marcas para sempre. A escolha do envenenamento como meio de ataque reflete essa mentalidade. Diferente de outros tipos de violência, o envenenamento é silencioso, meticuloso e permite ao perpetrador observar as consequências de suas ações em tempo real.
O Planejamento Minucioso
Amanda passou semanas planejando o crime. Durante esse período, ela pesquisou substâncias químicas que poderiam ser usadas de forma discreta e letal.
Ela também estudou os hábitos da família Alves, buscando o momento perfeito para atacar. A escolha de um café da manhã foi estratégica. Amanda sabia que a família estaria relaxada e confiante, sem esperar qualquer ameaça. Além disso, o gesto de levar alimentos preparados por ela reforçava a ilusão de reconciliação.
O planejamento incluiu até mesmo os detalhes de como ela lidaria com as consequências imediatas. Amanda ensaiou histórias para justificar sua presença e a falta de sinais claros de luta. Seu comportamento calculado e a capacidade de manipular situações seriam suas principais ferramentas para tentar escapar da responsabilidade.
Emoções Reprimidas
Embora o crime de Amanda seja frequentemente descrito como premeditado, há um elemento emocional subjacente que não pode ser ignorado. O desejo de vingança não surgiu apenas da rejeição romântica, mas também de anos de frustrações e ressentimentos acumulados. Amanda se via como uma mulher que merecia mais da vida, mas que era constantemente desafiada e subestimada.
Em entrevistas posteriores, pessoas próximas a Amanda descreveram como ela frequentemente guardava ressentimentos por longos períodos. Para ela, o ato de perdoar era visto como um sinal de fraqueza. Assim, cada conflito não resolvido se transformava em uma ferida emocional que alimentava seu comportamento vingativo.
A Escolha da Data
O crime ocorreu em 17 de dezembro de 2023, uma data que não foi escolhida por acaso. Amanda sabia que a proximidade do Natal tornava o ambiente familiar mais sensível. Ela queria maximizar o impacto emocional de suas ações, garantindo que aquele dia não pudesse ser esquecido.
A escolha de datas comemorativas para atos violentos é um fenômeno frequentemente observado em casos de vingança. Especialistas apontam que isso ocorre porque essas datas já possuem um significado emocional forte, tornando o impacto das ações ainda mais duradouro. Para Amanda, transformar um momento de alegria em um evento trágico era parte de sua tentativa de dominar a narrativa e garantir que sua “mensagem” fosse ouvida.
As Justificativas de Amanda
Durante os interrogatórios após sua prisão, Amanda tentou justificar suas ações de diversas maneiras. Inicialmente, ela alegou que não tinha intenção de machucar ninguém e que tudo não passava de um acidente. No entanto, conforme as evidências contra ela se acumulavam, Amanda mudou sua narrativa.
Ela começou a culpar o ex-namorado e a família dele por seu comportamento. Em um dos depoimentos, Amanda disse: “Eles me empurraram para isso. Nunca me aceitaram, sempre me trataram como uma intrusa. Eu só queria ser ouvida.”
Essas palavras revelam um aspecto importante de seu motivo: para Amanda, o crime não era apenas um ato de vingança, mas também uma forma de reivindicação.
Essa justificativa, no entanto, foi amplamente rejeitada pelos investigadores e pelo público. As ações de Amanda foram claramente premeditadas, e sua tentativa de transferir a culpa apenas reforçou a percepção de que ela era incapaz de assumir responsabilidade por seus atos.
A Prisão
Na delegacia, Amanda manteve uma postura calculista. Ela afirmou que havia preparado o café da manhã como um gesto de reconciliação e que não tinha ideia de como os alimentos poderiam ter sido contaminados. Apesar de suas palavras, seu comportamento contrastava com a gravidade da situação. Amanda não demonstrava sinais de luto ou choque, algo que os investigadores consideraram atípico para alguém em sua posição.
Os investigadores começaram a fazer perguntas detalhadas sobre os alimentos e bebidas servidos naquela manhã. Amanda descreveu como havia preparado tudo em sua própria casa, mas não conseguiu fornecer respostas claras sobre os ingredientes usados. Quando questionada sobre a presença de pequenos frascos encontrados na lata de lixo próxima à cena do crime, Amanda tentou desviar o assunto, dizendo que não sabia como eles haviam ido parar ali.
As Evidências Contra Amanda
Conforme as investigações avançavam, surgiram evidências que apontavam diretamente para Amanda como a autora do envenenamento. Análises toxicológicas realizadas nos corpos das vítimas e nos alimentos e bebidas servidos naquela manhã revelaram a presença de uma substância tóxica. Os policiais também descobriram que Amanda havia adquirido o produto semanas antes, utilizando uma farmácia de bairro para evitar chamar atenção.
Os frascos encontrados na casa da família Alves continham vestígios da mesma substância, e as impressões digitais de Amanda estavam claramente marcadas neles. Quando confrontada com essa evidência, Amanda inicialmente tentou negar envolvimento, mas seu nervosismo começou a transparecer. Em um momento, ela afirmou que os frascos poderiam ter sido plantados para incriminá-la, mas essa justificativa logo foi descartada pelos investigadores.
A Confirmação da Premeditação
Entre os itens apreendidos na casa de Amanda, os policiais encontraram anotações que indicavam um planejamento meticuloso do crime. Havia descrições detalhadas sobre o funcionamento de diferentes substâncias tóxicas, bem como um cronograma de como ela pretendia se aproximar da família Alves novamente. Essas anotações foram fundamentais para provar que o crime não foi um ato impulsivo, mas sim o resultado de semanas de planejamento.
Além disso, mensagens enviadas por Amanda ao ex-namorado nas semanas que antecederam o crime reforçaram a tese de premeditação. Em uma das mensagens, ela escreveu: “Vocês não me conhecem de verdade. Vou mostrar que ninguém pode me ignorar.” Essas palavras, combinadas com as evidências físicas, consolidaram a acusação contra Amanda.
A Audiência de Custódia
A audiência de custódia de Amanda Partata ocorreu poucos dias após sua prisão. Durante a sessão, Amanda tentou apresentar-se como uma vítima das circunstâncias, mas sua narrativa não convenceu o juiz nem os presentes. Sua frieza e aparente falta de arrependimento foram destacadas pelo promotor, que argumentou que Amanda representava um risco à sociedade e não poderia ser liberada.
O delegado Carlos Alfama, responsável pelo caso, também apresentou um relato contundente durante a audiência. Ele descreveu Amanda como uma pessoa calculista, que planejou meticulosamente cada detalhe do crime e que não demonstrava qualquer empatia pelas vítimas. O juiz decidiu manter Amanda presa preventivamente, enquanto as investigações continuavam.
A Repercussão da Prisão
A prisão de Amanda Partata rapidamente se tornou manchete em todo o país. A opinião pública se dividiu entre aqueles que a viam como uma assassina fria e calculista e aqueles que buscavam compreender os fatores psicológicos que poderiam ter contribuído para o crime. Especialistas em comportamento humano foram chamados para analisar o caso, e muitos apontaram traços de narcisismo e comportamento obsessivo em Amanda.
A família Alves, devastada pela tragédia, evitou declarações públicas durante os primeiros dias após o crime. No entanto, amigos próximos descreveram o impacto da perda de Leonardo e a luta de Marta e Clara para se recuperarem fisicamente e emocionalmente. “Eles confiavam nela. Amanda usou essa confiança para destruir tudo”, disse um amigo da família.
O Comportamento de Amanda na Prisão
Durante os meses que se seguiram à sua prisão, Amanda continuou a demonstrar comportamento controlado e, por vezes, manipulador. Agentes penitenciários relataram que ela tentava manipular outras detentas e funcionários, frequentemente usando seu charme e articulação para obter pequenos favores. Embora evitasse discussões sobre o crime, ela frequentemente fazia comentários que indicavam uma falta de arrependimento.
Em uma entrevista concedida a um psicólogo forense designado pelo tribunal, Amanda afirmou que não se considerava culpada. “Fiz o que precisava ser feito. Não vou ser julgada por pessoas que não entendem minha dor”, disse ela. Essas palavras reforçaram a percepção de que Amanda não via suas ações como erradas, mas como uma forma de buscar justiça pessoal.
O Impacto nas redes sociais
Poucas horas após o crime, as primeiras notícias começaram a circular em portais locais, detalhando a morte de Leonardo Alves e a hospitalização de Marta e Clara. Rapidamente, as redes sociais se tornaram um palco para discussões sobre o caso. Hashtags como #CasoAmandaPartata e #JustiçaParaOsAlves surgiram no Twitter, ganhando popularidade nacional em questão de dias.
Os usuários das redes sociais, inicialmente chocados pela crueldade do crime, começaram a compartilhar suas opiniões e suposições. Muitos condenaram Amanda imediatamente, enquanto outros pediam por investigações mais aprofundadas antes de chegar a conclusões. A divisão de opiniões refletia não apenas a gravidade do crime, mas também o impacto emocional que ele causou na população.
A “Viralização” do Caso
Os detalhes do crime, aliados às fotos de Amanda que circularam nas redes, contribuíram para que o caso ganhasse uma dimensão ainda maior. Imagens de seu perfil no Instagram, onde ela se apresentava como uma mulher bem-sucedida e confiante, foram amplamente compartilhadas, acompanhadas de comentários que variavam entre indignação e ironia.
Influenciadores digitais e criadores de conteúdo também entraram na discussão, publicando vídeos e posts analisando o caso. Alguns exploraram o comportamento de Amanda, questionando se ela apresentava sinais de transtornos psicológicos. Outros se concentraram na família Alves, expressando solidariedade e pedindo justiça.
As Teorias da Conspiração
Como acontece em muitos casos de grande repercussão, teorias da conspiração não demoraram a surgir. Algumas pessoas sugeriram que Amanda poderia ter sido manipulada por terceiros ou que havia mais pessoas envolvidas no crime. Essas teorias, muitas vezes sem qualquer base factual, se espalharam rapidamente pelas redes sociais, criando confusão e desinformando o público.
Plataformas como YouTube e TikTok foram inundadas com vídeos que alegavam ter “provas exclusivas” ou “fontes confiáveis” sobre os verdadeiros motivos do crime. Embora muitas dessas afirmações tenham sido desmentidas pelas autoridades, o impacto de tais especulações foi significativo, alimentando a curiosidade e o interesse público.
As Investigações Finais
A polícia de Goiânia continuou investigando a fundo o histórico de Amanda. Descobriram que ela tinha um padrão de comportamento manipulador em relações anteriores, mas nenhum antecedente criminal.
A rapidez com que o caso foi solucionado deveu-se ao trabalho diligente do delegado Alfama e sua equipe, que evitaram que o caso se tornasse um mistério prolongado.
Entre os elementos de prova mais importantes estavam mensagens enviadas por Amanda ao ex-namorado e à família dele nas semanas que antecederam o crime.
Nessas mensagens, ela ameaçava expor segredos inexistentes e utilizava o falso argumento da gravidez como forma de chantagem emocional.
Uma testemunha-chave, uma amiga próxima de Amanda, revelou em depoimento que a mulher havia expressado pensamentos sombrios sobre “dar uma lição” na família do ex-namorado. Essa revelação foi essencial para reforçar a ideia de que o crime foi premeditado.
O Julgamento
O julgamento começou em uma segunda-feira ensolarada, no início de junho de 2024. O tribunal estava lotado: jornalistas, curiosos e familiares das vítimas lotavam o espaço, enquanto a tensão era palpável. Amanda Partata, vestida de forma discreta, entrou na sala de audiência escoltada por seguranças. Seu semblante era frio, quase indiferente, uma expressão que seria amplamente discutida ao longo dos dias de julgamento.
A acusação, liderada pelo promotor José Miguel Freitas, apresentou seu caso com veemência. Desde o início, Freitas deixou claro que a premeditação era o ponto central de sua argumentação. Ele descreveu Amanda como uma mulher calculista, que planejou meticulosamente cada detalhe do crime, desde a compra das substâncias tóxicas até a escolha do momento e local para o ataque.
As Provas Apresentadas pela Acusação
A apresentação das provas foi um momento crucial do julgamento. O promotor trouxe evidências concretas que apontavam para a culpa de Amanda. Entre os itens apresentados estavam:
- Mensagens de texto: Enviadas por Amanda ao ex-namorado e à família dele, sugerindo vingança e ameaças veladas.
- Frascos de pesticidas: Encontrados na casa de Amanda e na cena do crime, com vestígios da mesma substância tóxica usada no envenenamento. As impressões digitais de Amanda estavam nos recipientes.
- Anotações pessoais: Cadernos apreendidos na residência de Amanda continham descrições detalhadas do plano, incluindo horários e possíveis reações das vítimas.
Além disso, o depoimento do delegado Carlos Alfama, que liderou as investigações, foi decisivo. Alfama descreveu como Amanda havia se mostrado fria e calculista durante os interrogatórios, mudando de narrativa sempre que confrontada com novas evidências. “Ela nunca demonstrou arrependimento ou empatia pelas vítimas”, afirmou o delegado.
O Papel da Defesa
A defesa, liderada pelo advogado Ricardo Nunes, adotou uma estratégia diferente. Em vez de negar completamente as acusações, Nunes tentou humanizar Amanda, argumentando que ela havia agido sob extrema pressão psicológica. Ele apresentou sua cliente como uma mulher emocionalmente frágil, que não soube lidar com a rejeição e que acabou tomando uma decisão desesperada.
Nunes também trouxe especialistas em saúde mental para testemunhar em favor de Amanda. Um psicólogo forense contratado pela defesa afirmou que Amanda apresentava traços de transtorno de personalidade narcisista, combinado com traumas acumulados ao longo da vida. “Não estou justificando suas ações, mas precisamos entender o contexto emocional que levou Amanda a esse ponto”, declarou o especialista.
Depoimentos Impactantes
Um dos momentos mais emocionantes do julgamento foi o depoimento do filho de Leonardo Alves, ex-namorado de Amanda. Ele descreveu como o relacionamento com Amanda se deteriorou ao longo do tempo, culminando em comportamentos obsessivos e manipuladores por parte dela. “Eu tentei terminar de forma pacífica, mas ela não aceitou. Amanda me perseguia, enviava mensagens incessantes e tentava manipular minha família contra mim”, relatou.
Outro depoimento marcante foi o de Marta Alves, sobrevivente do envenenamento. Marta, visivelmente abalada, descreveu os momentos de horror que viveu ao perceber que algo estava errado durante o café da manhã. “Nunca imaginei que uma pessoa em quem confiávamos pudesse fazer algo tão monstruoso”, disse ela entre lágrimas.
A defesa tentou contra-atacar, sugerindo que os depoimentos das vítimas eram influenciados pela dor e pelo trauma. No entanto, a sinceridade e a emoção demonstradas por Marta e pelo filho de Leonardo tiveram um impacto profundo no júri.
A Análise das Testemunhas Periciais
Especialistas em toxicologia foram chamados para explicar os efeitos da substância utilizada no crime. Eles detalharam como o veneno, em pequenas doses, poderia causar os sintomas relatados pelas vítimas, incluindo tontura, náuseas e perda de consciência. Os peritos também confirmaram que a substância foi misturada de forma precisa, indicando conhecimento básico de química por parte de quem a manipulou.
Esses depoimentos reforçaram a tese da premeditação, destacando que Amanda não agiu por impulso, mas sim com intenção clara de causar dano. Para o promotor Freitas, essa evidência era a “peça final do quebra-cabeça”.
O Ponto alto do julgamento
Nos dias finais do julgamento, ambas as partes apresentaram seus argumentos finais. O promotor Freitas apelou ao senso de justiça do júri, enfatizando a crueldade do crime e o impacto devastador que ele causou à família Alves. “Amanda Partata não é uma vítima. Ela é uma predadora que usou a confiança das vítimas para destruí-las”, declarou.
Por outro lado, a defesa pediu ao júri que considerasse o estado mental de Amanda e as circunstâncias que levaram ao crime. Nunes argumentou que, embora suas ações fossem inegavelmente trágicas, Amanda precisava de tratamento, não de condenação severa. “Não se trata apenas de punição, mas de entender o que levou uma pessoa a esse ponto”, afirmou.
O Veredicto
Após dias de deliberação, o júri finalmente chegou a um veredicto. Amanda Partata foi considerada culpada por homicídio qualificado, tentativa de homicídio e premeditação. A sentença, lida pelo juiz, foi de 30 anos de prisão em regime fechado, sem possibilidade de redução por bom comportamento nos primeiros 20 anos.
Quando a sentença foi anunciada, Amanda permaneceu impassível, sem demonstrar qualquer emoção.
A Repercussão Pós-Julgamento
A condenação de Amanda Partata trouxe algum alívio à família Alves e aos que acompanharam o caso. No entanto, também levantou questões sobre como a sociedade lida com crimes tão brutais e os fatores que os desencadeiam. Psicólogos, advogados e especialistas em comportamento humano continuaram a debater o caso, tentando extrair lições para prevenir tragédias semelhantes no futuro.
Para a família Alves, a sentença significou um passo em direção à justiça, mas o trauma e as perdas que sofreram não podem ser apagados. “Nunca teremos Leonardo de volta, mas saber que Amanda está pagando por seus atos nos dá alguma paz”, disse Marta em uma rara declaração após o julgamento.
O caso de Amanda Partata não é apenas um relato de um crime brutal, mas também uma reflexão sobre as profundezas das relações humanas, a fragilidade emocional e as consequências devastadoras de comportamentos manipuladores e obsessivos. A tragédia que abalou a família Alves serve como um alerta para a necessidade de identificar sinais de alerta em relações pessoais e buscar apoio antes que conflitos escalem para situações irreversíveis.
Por trás dos eventos que culminaram no envenenamento, estão questões mais amplas sobre saúde mental, abuso emocional e como a sociedade pode intervir para evitar tais desfechos.
A condenação de Amanda Partata trouxe alguma medida de justiça para a família Alves e para a sociedade, mas também levanta perguntas sobre como lidar com indivíduos que exibem comportamentos tão perigosos.
O caso, amplamente debatido nas redes sociais e na mídia, continuará a ser um exemplo emblemático de como os sistemas judicial e social podem trabalhar juntos para compreender e prevenir crimes semelhantes. Em última análise, o caso Amanda Partata nos lembra que a busca por justiça deve ser acompanhada de compaixão e aprendizado coletivo.
PARABÉNS PELO TEXTO.
MUITO BEM ESCRITO.