O caso Sakakibara Seito foi uma série de crimes ocorrido no Japão no ano de 1997. Um serial killer adolescente que tinha como vítimas outras crianças, incluindo aquelas com necessidades especiais, as quais ele se referia como “vegetais”.
Seu nome verdadeiro era Shinichiro Azuma, porém durante as buscas policiais o garoto enviava cartas se identificando como Sakakibara Seito. Também era chamado de “Garoto A” pelos jornais japoneses.
Surge um assassino misterioso no Japão
Em fevereiro de 1997 duas jovens meninas são atacadas com golpes de martelo enquanto caminhavam na rua. O crime foi cometido por um garoto não identificado, em uma região próxima a uma escola primária em Kobe. Mesmo machucadas as duas conseguem fugir e sobrevivem ao ataque. Todavia a polícia não conseguiu identificar o autor do ataque e o caso foi arquivado.
Então em março do mesmo ano, Ayaka Yamashita, de apenas dez anos foi espancada por um garoto não identificado. Ela foi levada ao hospital, mas veio a falecer. A arma utilizada pelo agressor foi um martelo ou uma barra de ferro, já que fontes divergem nesse ponto.
Nesse mesmo dia, atacou uma outra menina, dessa vez de nove anos. A arma utilizada foi uma faca, onde deferiu golpes na região abdominal. Por sorte, a vítima conseguiu sobreviver e se recuperar totalmente da agressão.
Dois meses depois, em maio, Jun Hase de 11 anos, desapareceu na frente da escola primária em que estudava. Jun participava da turma de alunos com necessidades especiais. Dias depois sua cabeça foi encontrada nos fundos da escola e a maneira com que foi posicionada demonstrava que o assassino queria chocar a todos. Na boca do garoto havia um bilhete escrito em inglês e japonês.
“Isto é só o começo… Detenham-me se puderem… Desejo desesperadamente ver pessoas morrendo. Matar é uma excitação para mim. É necessário um julgamento sangrento para os meus anos de grande amargura.”
Escreveu o assassino.
Durante o texto ele se intitulava como um “School Killer” e a carta foi assinada com o nome Sakakibara Seito.
O zelador da escola, que encontrou a cabeça de Jun, disse ter encontrado dois gatos mortos e com as patas arrancadas na semana anterior. Os corpos dos animais também foram deixados na escola.
Ao divulgar o caso na mídia, um jornalista local errou seu nome e o chamou de Onibara em uma matéria. Isso enfureceu Sakakibara que enviou outro bilhete a polícia, dessa vez a carta era muito maior e tinha um tom enfurecido.
(…) De agora em diante se vocês errarem o meu nome ou estragarem o meu humor, eu vou matar três vegetais por semana. Se vocês pensam que eu só mato crianças estão muito enganados.
Um trecho da carta enviada por Sakakibara, onde se referia às crianças com necessidades especiais como “vegetais”.
Então as pessoas passaram a se perguntar se o assassino odiava crianças com deficiência, e se sim, o porquê.
Quando o suspeito é menor de idade, é comum a polícia japonesa não divulgar quase nenhum detalhe sobre a investigação. Este foi o caso de Sakakibara Seito. Devido a essa conduta, sabe-se muito pouco sobre como os investigadores traçaram o perfil e conseguiram chegar até o garoto.
Prisão de Sakakibara Seito
Em 28 de junho do mesmo ano o criminoso foi preso, para a surpresa de todos ele era apenas um adolescente comum de 14 anos. Seu verdadeiro nome era Shinichiro Azuma, mas pela questão da idade a mídia não tinha autorização para expor seu nome e nem sua foto. Então ele passou a ser tratado como “Garoto A“.
Assim que foi preso confessou todos os crimes. Na casa de Shinichiro foram encontrados diversas revistas de material adulto, vídeos impróprios e mangás que envolviam sangue e violência.
Quando questionada, a mãe do garoto disse não saber que ele tinha tudo isso, porém a polícia não acreditou, já que todos esses materiais estavam espalhados pelo quarto. Qualquer um que ali entrasse veria.
Um diário também foi encontrado, onde o garoto se referia as mortes como “eventos sagrados”. E em partes ele parecia comemorar por não ter sido pego ainda.
Reformatório juvenil
Por ter apenas quatorze anos, o garoto não pôde ser julgado como um adulto. Na época isso causou muita discussão e indignação da população japonesa, visto a tamanha maldade de seus atos.
Em razão disso, cumpriu uma pena de seis anos em um reformatório e após recebeu liberdade condicional. Por alguns anos precisou avisar a polícia de seu paradeiro, e a família das vítimas também era avisada quando ele estava por perto.
De acordo com a lei japonesa, por ter cometido os crimes quando era criança, ganhou direito a um novo nome e um recomeço de vida.
Autobiografia de Shinichiro Azuma
Em 2015 ele lançou sua autobiografia, em um livro chamado “Zekka”, que vendeu 100 mil cópias nas três primeiras semanas. As famílias das vítimas tentaram proibir a venda desse livro, mas não obtiveram sucesso e o livro é vendido até hoje.
Por isso, tudo que se sabe sobre infância e passado de Shinichiro Azuma é um tanto duvidoso, visto que foi dito por ele mesmo.
Lá ele escreveu detalhes sobre os crimes cometidos, o tempo que permaneceu cumprindo pena em um reformatório, e também sua infância. No livro ele dá a entender também que cometeu crimes sexuais com suas vítimas e se define como uma pessoa de “desvio sexual incorrigível”.
Em várias partes do livro ele fala que se arrependeu de tudo que fez. Ele chegou a mandar cartas pedindo desculpas as famílias das vítimas, mas de um jeito um tanto controverso: a carta era escrita a mão, assinada por ele e junto era enviado um exemplar autografado de seu livro.